Comentários Insertos no Livro
Victor Aguiar e Silva (Prof. Catedrático de Literatura; Univ. do Minho) - O novo romance de Horta da Silva – A Última Ponte – possui uma efabulação admirável, plasmada numa técnica narrativa que proporciona ao leitor perspectivas e focalizações plurais. Na sua plurissignificação, o título reenvia para um espaço geográfico concreto – as margens coimbrãs do rio Mondego, mas reenvia sobretudo para um tempo intergeracional, com os seus conflitos, as suas ruínas e os seus reencontros e possíveis diálogos. Tingida de uma melancolia crepuscular, - A Última Ponte – é a seu modo um romance de família, num tempo pós-moderno e pós-colonial em que avultam os sentimentos de perda, da incompletude, da ausência e o anseio de recuperar os mundos perdidos, mesmo que seja tão-só de modo virtual ou fantasmático. Na sua trama mítico-simbólica – A Última Ponte – é uma dolorida mas serena reflexão sobre o envelhecimento e a solidão, sobre as ruínas amontoadas pelo anjo da história e sobre os possíveis horizontes de sobrevivência. E é também uma bela e original revisitação do mito de Coimbra e do Mondego em cujas águas nasce e morre, numa circularidade simbólica, a principal personagem da história.
Inês Pedrosa (Escritora ; Jornalista do Expresso) - Através de uma escrita Silva, simultaneamente límpida e erudita, coloquial e introspectiva, Horta da Silva constrói um romance de delicada engenharia, que atravessa o tempo e a vida para atingir os nós intemporais da alma humana. Narrado a partir das vozes cruzadas do avô Arnaldo e da neta Inês, este livro de pontes e restauros recupera a ponte – tantas vezes desprezada – das gerações, restaura a força e a luz do menorizado sentimento da amizade e renova a reflexão sobre os meandros e armadilhas da paixão. Romance de ideias e personagens, «A Última Ponte» consegue ser simultaneamente um romance de mistério, acção e viagem. O pretexto imediato da intriga é uma investigação histórica em torno de um misterioso tríptico do século XVI – mas esse pretexto narrativo conduz-nos, afinal, a uma profunda e desassombrada investigação sobre essa revolucionária invenção do século XX, que é a intimidade.
Adília Alarcão (Dir. do Museu Nacional de Machado de Castro) - “A Última Ponte” é um romance em que o autor revela, uma vez mais, uma intrínseca espontaneidade pedagógica, uma vasta cultura e o gosto pela arte. Dir-se-ia que, através da ficção literária, Horta da Silva concretiza uma necessidade compulsiva de se experimentar e redescobrir numa multiplicidade de egos. Os seus romances não são autobiográficos, mas neles perpassam traços da sua personalidade, das suas vivências, dos seus conhecimentos, das suas dúvidas e convicções sobre problemas actuais, a nível do lugar, do país, do mundo e também a nível cósmico, dando asas a uma enorme criatividade, alicerçada no domínio da língua cuja riqueza saboreia, com deleite, ao correr de uma escrita metafórica e crítica. Uma forma de intervenção cívica...porque não?! Por isso, esta “Última Ponte” é muito mais do que uma obra de engenharia civil; é um elo de ligação social e humano que se ergue à custa de uma atribulada investigação destinada a encontrar o painel central de um retábulo de Quentin Metsis, “A Paixão de Cristo”, sec. XVI, do qual só se conhecem os fragmentos conservados, em Coimbra, no Museu Nacional de Machado de Castro.
Alfeu Sá Marques (Prof. de Engenharia Civil; Univ. de Coimbra) - Comecei a ler “A Última Ponte” à procura da engenharia vertida em literatura e, aos poucos e poucos, fui-me deixando envolver por uma admirável abordagem sobre esse mundo – multifacetado e intrinsecamente complexo – a que se dá o nome de família. É uma história imbuída de recordações e esperanças, recheada de mistério e suspense, que abala a consciência e estimula a razão e que se perpetua para além do epílogo, sob a forma de obra parcialmente aberta. A arquitectura literária é arrojada e esbelta, só ao alcance daqueles que gostam de inovar, e a prosa é fluente, rica e eivada de poesia, projectando no leitor, de um modo forte e arrebatador, a natureza e complexidade dos estados de alma e da intimidade humana. E tudo isto se passa numa atmosfera social inundada de contemporaneidade – cosmopolita, douta e frívola – na qual o envelhecimento se usa esconder, por vergonha e ou incomodidade, ao abrigo do esquecimento. Felizmente, há sempre uma singularidade que, no caso vertente, se traduz na amizade e no diálogo intergeracional que, respectivamente, se gera e emerge entre os narradores (Arnaldo e Inês). Parabéns Horta da Silva, por mais este magnífico romance.
Comentários de Leitores
António Raposo; Eng.º Técnico Agrário; Sines
A modulação das palavras, a forma erudita como as trabalha, o modo como as usa para descrever quer os sentimentos e as emoções das figuras que habitam os seus livros quer o mundo físico onde se inserem, timbram a escrita de Horta da Silva. Para quem leu as suas três obras literárias “Mara Hassin e o Silêncio de Alfredo”, “O Ambientalista e a Face Oculta da Verdade” e, agora, “A Última Ponte”, fácil é verificar que existe nesta escrita uma permanente intenção de rigor e também uma dinâmica evolutiva da construção literária que não procura atalhos fáceis, singularidade bem espelhada neste seu mais recente trabalho.
As personagens são de uma autenticidade dificilmente igualável a pontos de nos levar a admitir que foram companhia do autor na caminhada já efectuada pelo périplo do seu “Ciclo de Existência”. Cantaram Coimbra, humedeceram a pele no cacimbo de Angola, estudaram em terras do Velho e do Novo Mundo ricas de saber, passaram em Sines, assistiram à criação de uma cidade, caçaram perdizes no Alentejo e, aqui, à sombra de uma azinheira, ajuizaram sobre o Social. E, de sabedoria aviados, voltaram a Coimbra para olhar o Mondego e compreender, na escoada das suas águas, o interesse da delonga quando se desfruta a contemplação do que é belo.
“A Última Ponte”, não sendo uma obra autobiográfica, revela-nos os sentimentos, as emoções e as preocupações do autor. Arnaldo e Inês cumprem esse papel de forma conseguida, fechando e abrindo as portas entre duas gerações. Realçar, por fim, todo o trabalho de pesquisa aturada que sustenta o romance e que retrata, uma vez mais, a honestidade do autor. Num período em que os “escritores” brotam como cogumelos, embalados em brindes de supermercado, Horta da Silva é uma lufada de autenticidade criativa. A sua vivência académica e profissional deram-lhe estofo e criaram os alicerces de alguém com talento. Urge divulgar a sua obra literária em nome da qualidade para gáudio dos que apreciam a bela, genuína e humana literatura.
Graça Serrano; Professora do Ensino Secundário (Humanidades); Estremoz.
“A Última Ponte” é uma ficção notável, multifacetada e de grande criatividade. A sua história gira, aparentemente, em redor de um acontecimento recente, a construção de uma nova ponte sobre o rio Mondego, em Coimbra. Mas esta é apenas a razão física que serve de base e metáfora de uma outra ponte, a cuja criação se assiste através da leitura que nos é proporcionada por um hábil e complexo processo narrativo.
Através de textos onde sobressai a riqueza vocabular e temática, dois narradores de sexos diferentes e marcada diferença de idades, Arnaldo e Inês, que são também as personagens principais, levam-nos por espaços físicos reais e imaginários, descritos com grande beleza e impressionante exactidão, tal como acontece com os espaços da interiorização, da intimidade, dos afectos, estabelecendo por fim entre eles o elo que se sentia urgente e emergente desde o início do livro, porque afinal, como diz Arnaldo (pág. 96), “o fim é sempre o princípio de qualquer coisa diferente”.
José Eduardo (Z dado); Artes e Letras; Vila Nova de Santo André
Quando começo a ler um romance desconheço sempre de que matérias de conquista se munem as suas páginas. Nunca sei se a viagem será monótona, se a abandonarei a meio ou se, paradoxalmente, me seduzirá e prenderá cativo na descoberta entusiasta e apaixonada.
Ao percorrer “A Última Ponte” senti-me mergulhar numa dessas experiências. Assaz catalisadora, vão-lhe sendo introduzidas mutações, passo a passo, por vezes desconcertantes, dinamizando a narrativa, o interesse e o apetite voraz pelo decurso da trama. Alentado de uma beleza estética em alguns momentos próxima da poética, Horta da Silva, alcança neste romance uma interessante harmonia entre a erudição e a popularidade tangida de coloquiais regionalismos, entrecruzando a componente científica sem esbatimento do ritmo narrativo.
O aprofundamento insistente da intimidade, a deliciosa imiscuição do autor no carácter do pensamento feminino, a riqueza cultural adjacente aos diversos níveis de dissertação, a amplitude de ideias e horizontes nas reflexões produzidas, contribuem para que se chegue ao final d’ “A Última Ponte” a desejar a continuidade do caminho.
Neusa Maria Pedreira; Professora do Ensino Secundário (Humanidades); Almada
Demorei o tempo útil a ler e compreender os meandros de “A Última Ponte” de Horta da Silva, mas sinto-me enriquecida por tê-lo feito. De facto, através de uma prosa bem elaborada, por vezes poética e substancialmente amadurecida e de um enredo que convida a uma leitura lenta e degustada, o autor constrói um romance realmente arrebatador, do início ao terminus, a pontos de nos deixar um conjunto de interrogações que assolam a mente e perduram, tempo fora, na cogitação do leitor. Por outro lado, o universo complexo dos seus protagonistas remete para um deambular sereno e atento das suas mentes. Da mesma forma, o recurso a referências universais, entre elas, a da "família" no seu estado mais íntimo, constituiu para mim uma preciosa mais valia. Um portento literário. Confesso que ADOREI....
Maria do Carmo Ferreira; Empresária; Lagos.
Para dizer a verdade, quando cheguei a cerca de um terço deste livro, pensei algo do género «aqui está mais um texto interessante, bem escrito e muito ao gosto do momento, uma aventura tipo Código DaVinci, com ponto de partida em Portugal"». Com o prosseguimento da leitura, confirmou-se a minha ideia de que estamos em presença de uma obra com um intrincado enredo de suspense e acção mas que, para além da aventura, contém uma força acrescida que lhe é dada por um cariz marcadamente humano. Os encontros e desencontros de amigos, de amantes, de familiares e de gerações – onde facilmente cada um de nós reconhece alguém ou alguma situação e, eventualmente se revê – conferem-lhe uma verosimilhança e um sabor especificamente gostoso.
Joaquim Guia Marques; Engº Civil; Santiago do Cacém
Os livros são como os melões! Só se sabe o que valem depois de abertos e degustados.
Têm nome antigo os melões de Almeirim e os escritos de Coimbra. Os melões de Almeirim às vezes já não são o que eram, desmerecem a fama antiga. A julgar por “A Última Ponte”, os escritos de Coimbra mantêm o sabor da sua fama. Logo nas primeiras páginas fica-se com a sensação de estar em presença de um bom melão, perdão, de uma excelente escrita.
Tendo tido o prazer de partilhar com o autor alguns anos de trabalho técnico envolvendo a elaboração de muitos relatórios, cedo me habituei a admirar o seu rigor na definição de conceitos e precisão na delimitação e caracterização das fronteiras próprias de cada trabalho concreto.
“A Última Ponte” apresenta o rigor científico que já conhecia, enriquecido pela trama da acção e riqueza das personagens. Apresenta todos os ingredientes necessários e indispensáveis a um bom romance: movimento, personagens credíveis, porque próximas de nós, palcos de actuação perfeitamente verosímeis, relações afectivas das personagens, por vezes passageiras, mas sempre intensas e profundamente humanas. O autor também não se exime, pela boca das suas criações, à tomada de posição social e política. Apreciei ainda, digamos, o louvor ao trabalho abnegado, que a essência do romance encerra e a forma metodológica e pedagógica como são tratados os assuntos ligados à arte - sem nos deixarmos deslumbrar por eles – e, muito em especial, a abordagem sobre os meios técnico-científicos que são postos, em tempos recentes, à nossa disposição.
Obrigado: pela leitura agradável e fácil sem ser facilitadora, pelo humanismo que perpassa todo o livro e pela nota de optimismo sobre a vida e sobre as pessoas, que a obra globalmente transmite.
Cláudia Duarte; Estudante de Medicina Veterinária; Porto
“A Última Ponte” é um romance sobre uma família, num tempo pós-moderno, uma família como tantas …conjunto do qual tão-pouco excluo a minha.
Uma história de um avô e de uma neta, onde se dá um entrecruzar de gerações, de memórias escritas e fotografadas, de fragmentos de um diário e de saberes, que nos revelam como é possível duas pessoas, genuinamente apartadas no tempo, nos usos e nos costumes, poderem acabar por percorrer, juntas, o trilho do entendimento. É motivo sublime para uma densa reflexão sobre os meandros, os percalços e os obscuros recantos dos ciclos das nossas existências, nos quais o sortilégio do mundo das motivações, dos sentimentos e das emoções adquire valor transcendental no que se refere àqueles ou às coisas que andam coladas às nossas vidas ou que delas façam intrinsecamente parte.
Uma história empolgante, envolta em mistério do princípio ao fim, que nos faz voar, imaginar e querer rapidamente virar a próxima página. Uma romance onde o passado, o presente, o futuro e, inclusivamente, a eventual imortalidade da alma se cruzam…para nos mostrar que é de onde menos esperamos que, muitas vezes, irrompe o discernimento indispensável à resolução dos nossos próprios enigmas. Enfim, um romance que vale a pena ler!
Zélia Baptista; Professora de Língua Portuguesa; Macau
Terminei, há cerca de duas semanas, a leitura de “A Última Ponte” de Horta da Silva. O autor pediu-me a minha opinião, pelo facto de eu ter lido também “Mara Hassin e o Silêncio de Alfredo” e o “Ambientalista, a Esfinge Egípcia e a Face Oculta da Verdade”. Para fazer um parecer isento, foi preciso deixar que a mesa do pensamento se libertasse das iguarias emotivas que o romance deixa no leitor e, só por essa razão, agora me dei a este comentário. Por outro lado, não sei se pelo facto de Mara Hassin ter sido a primeira obra literária de Horta da Silva – que surpreendeu, de sobremaneira, muito gente – tive ainda de joeirar mais este inconveniente para poder fazer uma análise isenta e, a partir daí, concluir:
a) A prosa continua erudita, hialina, genuína, poética e fluente, não obstante poder exigir, de quando em vez, o recurso da companhia de um bom dicionário.
b) A estrutura literária tem evoluído para patamares cada vez mais elaborados: em “Mara Hassin” tivemos um narrador outsider da história, em “O Ambientalista” tivemos um narrador que é uma das personagens da história e, agora, temos dois narradores (um avô e uma neta) facto que obriga o leitor a ter, em atenção, a arquitectura do romance, esquematizada nas primeiras páginas do livro.
c) A narrativa de Horta da Silva é um casamento harmónico entre a ficção e a realidade, e está imbuída de acontecimentos inesperados, que brotam onde menos se espera, estilo que alimenta, a leitura, de uma ânsia que transcende a curiosidade.
“A Última Ponte”, título metafórico, é, por tudo isto, um romance belo, assaz humano, salpicado de intriga e de humor fino E tem ainda uma outra particularidade. Desenterra, entre as suas inúmeras e inesperadas deambulações, ícones de Coimbra, passíveis de escapar a uma leitura corrida, mesmo tendo em atenção a imagem inserta na capa onde sobressaem o Mondego, a Ponte R. Santa Isabel e as figuras de uma jovem e de um homem a admirarem “La Rive Gauche”, facto que nos indica que as origens culturais do autor não estão, exclusivamente, insertas no mundo anglo-saxónico. É gostoso encontrar entre outros, Miguel Torga (homem de aspecto rude, otorrino, poeta e opositor ao regime do Estado Novo), a quinta da Boa Vista (hoje escola de hotelaria) ainda com o secular pilriteiro no centro do pátio, o velho rio, cansado de meandrar entre um role de lavadeiras desinteressadas do extenso areal, das noras e das barcas serranas, a Lapa dos Esteios onde poetas cantaram e, em particular, Banhos Secos, local onde se empoleira a Casa do Carvalhal, símbolo mítico da obra. É daqui, bem no desterro de “La Rive Gauche”, imaginem só, que o leitor é levado, por motivos de um célebre tríptico do Séc. XVI – espólio do Museu Nacional de Machado de Castro – a uma aventura empolgante que passa também por Angola, Holanda e Canadá, narrativa esta só ao alcance daqueles que nascem bafejados pelo dom da criatividade.
Carlos Regêncio Macedo; Prof. Universitário de Geologia; Coimbra
A leitura do último romance de Horta da Silva teve, para mim, encantos muito especiais. Escrito numa linguagem perfeita e atraente, de leitura agradável e arrebatadora – enquadrada numa estrutura literária complexa e pouco usual, mas muito bem conseguida – levou-me a lê-lo com entusiasmo crescente à medida que ia avançando na ânsia de atingir o final e deliciar-me com as surpresas que surgiriam com o desenrolar da história. No entanto, e para além dos factos apontados, há outros motivos que me entusiasmaram e me marcaram pelas recordações.
Começo por salientar, como “Coimbrinha” nascido em plena Baixa, a minha apetência para gozar as paisagens das margens do Mondego que tão bem estão ilustradas, embora me situasse mais na margem direita. Claro que a margem esquerda também teve os seus encantos, mani-festados na passagem pela ponte do Modesto para poder gozar as delícias dos domingos de Verão no areal e os banhos nas suas águas e aproveitar a sombra dos choupos, salgueiros e canaviais que o bordejavam, ou indo mais a montante, para a Lapa dos Esteios.
Depois vem o material utilizado na investigação: os minerais que se aplicaram como corantes e as análises envolvidas, microscópicas, analíticas, radiológicas e que foram marcantes em toda a minha actividade profissional. Dentro desta situação, posso englobar as minhas recordações da estadia em Amsterdão, em trabalhos no Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Livre, com a visita aos vários Museus (Van Gogh, com as suas magníficas pinturas, Rijks, com a “Ronda da Noite” que também consta do livro, casas de Rembrandt e Anne Franck, entre outros), os canais e seus barcos, os diques e moinhos, as casas típicas, terminando em Amstelveen, onde se situava a residência em que me alojei, e por onde passeei encantado. E, para completar este item, pasmei ao ler que uma das personagens descritas (Marlen Heideger) era portuguesa, natural de Vilarandelo, perto de Valpaços, região transmontana aonde iniciei os meus trabalhos como geólogo de campo.
Todas estas paragens são descritas de uma forma tão perfeita que as revi com toda a facilidade e exactidão. Não me alongo mais, manifestando ao Horta da Silva os meus melhores agradecimentos por estes momentos vividos e, com um grande abraço ao colega amigo, os meus parabéns por este tão belo e magnífico romance, ficando a aguardar o próximo.
Louzã Henriques; Médico Psiquiatra; Coimbra
Depois de ler “A Última Ponte”, recente e humaníssimo romance de Horta da Silva, apeteceu-me cantarolar, revivendo Zeca Afonso, em Balada do Outono:
... Águas do rio calai,
Oh ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar...
Toda a terra é sítio para nascer, mas à beira-rio, numa comunidade de mulheres de trabalho, as que lavam o corpo e a roupa, é local privilegiado para isso acontecer. Perde-se a escala do tempo e até sucede que se volte à idade da pedra em que os dentes, de uma delas, foram navalha para cortar o cordão que liga todas as gerações. Sabemos que no amor, as plantas acordam e todos os bichos levantam a pequena cabeça e sabemos, também, que o sol e as luas dão voz ao que vai nascer. Por momentos, todas elas foram mães e ao mesmo tempo criaram um horizonte de esperança. Talvez a vida seja feita de vidas, as que tivemos e as que perdemos no decurso da nossa feitura pessoal e colectiva. Sim, todos perdemos vidas da nossa vida e, talvez por isso, nos julguemos detentores de identidade mas, por certo, somos fruto de frutos que amadureceram, secaram, foram vítimas de pragas e até apodreceram mas, mesmo assim, fruto de frutos.
Sobre os rios e as vidas de cada um, pontes foram lançadas, às vezes simples poitas, através das quais, pé ante pé, a vau se atingiu a outra margem. Margem de quê e de quem? Então descobrimos que somos o que fomos, o que podíamos ter sido e aquilo que seremos. Perde-se muito e alguma coisa se ganha caminhando à beira da água, sabendo que há sempre outra margem e que há de um lado e do outro amores e desamores, encontros e desencontros, mas sempre a perenidade das coisas que aos outros pertencem e a nós próprios também. A ponte das pontes é sempre aquela que julgamos nossa, e porque vivemos à beira da morte, talvez seja bom que à beira-rio a encontremos e sob o seu manto, que dizem negro, encontremos também o misterioso descanso que ela nos promete.
Que outra filosofia valerá a pena tentar?
Maria Lioza; Advogada; Recife - Pernambuco; Brasil
Li o livro "A Última Ponte" de capa à capa e confesso que valeu a pena o tempo dedicado à sua leitura. Gostei muito da história. É uma trama bem encadeada, em que os personagens, ora fazem parte do passado, ora ressurgem no presente, sem que na multiplicidade dos episódios em que se desenrola, ou na riqueza dos relatos, minuciosamente descritos, com filigranas de detalhes, perca-se o rumo da história.
Apreciei, sobremaneira, a imaginação prodigiosa e a linguagem primorosa usadas pelo autor, que me fizeram vislumbrar as paisagens, os lugares, os episódios e adentrar a alma e sentimentos dos personagens com tanta fidelidade, como se os mesmos fossem de verdade e não, apenas, de ficção. A motivação focada no retábulo do século XVI, que retrata o painel central da "Paixão de Cristo", cuja investigação sobre a autenticidade da obra, fundamentou o desenrolar de uma emocionante história de encontros e desencontros dos personagens com seus dramas existenciais, suas paixões, angústias, solidão, consegue prender a atenção e aguçar a imaginação e curiosidade do leitor para a conclusão final sobre a originalidade da obra.
Demonstra, também, que o autor do livro, além de ser um grande conhecedor de arte, é, ainda detentor de vasto conhecimento em diversas áreas do espectro científico. Ademais, no decorrer da leitura de "A Última Ponte", percebe-se, nas entrelinhas, algo como um relato auto-biográfico. Esta foi minha impressão, levando em conta alguns cenários que retratam lugares e acontecimentos vividos por Arnaldo, a exemplo da guerrilha em Angola e da fuga inesperada e brusca de Luanda. Não sei se a impressão procede, ou se é, apenas, fruto da minha imaginação. Seja como for, achei muito bom o livro "A Última Ponte", que não tem nada a ver com a moderna estrutura de engenharia fotografada na capa, mas, no meu entender, simboliza os laços que podem unir gerações, através da afetividade e da cumplicidade surgidas e cultivadas entre elas.
Sem pretensões de vestir a pele de “crítica” versada em literatura, creio que este livro consagra a carreira de Horta da Silva como escritor, restando-me parabenizá-lo pelo belo trabalho e incentivá-lo a continuar seguindo o caminho, pois talento não lhe falta.
Jorge Calado; Bancário; Sines
Parabéns Horta da Silva pelo seu novo romance “A Última Ponte”.
Com uma escrita fluente e uma descrição cativante, o escritor Horta da Silva consegue prender a atenção do leitor em cada linha, pode-se dizer mesmo em cada palavra. Embora as descrições sejam algumas vezes pormenorizadas, nem por isso deixam de ser menos humanas e absorventes, mostrando sempre a cor que nunca vimos numa folha ou a alma que nunca sentimos numa pedra.
Num mundo onde o tecnicismo se sobrepõe a todos os valores e a globalização despreza os sentimentos, vem o escritor Horta da Silva, com este livro, chamar a atenção para uma relação de valores humanos onde as gerações se interligam e fundem numa história que nos obriga a pensar e a rever a situação individualista a que a humanidade está vocacionada.
Muito obrigado, não só por ter escrito “A Última Ponte” mas, acima de tudo, por o ter feito de um modo cuja leitura proporciona um prazer inefável.
Margarida Hilgers; Consultora Imobiliária; Lagos.
Um livro que prende o leitor desde o início, com uma intriga muito bem montada, onde não faltam detalhes reveladores de apurado sentido estético, sensibilidade e conhecimento, quer a nível científico e cultural, quer do género humano, nas suas mais diversas vertentes. Em suma, “A Última Ponte” transporta-nos para um universo de aventura, onde a mais fantástica descoberta é a da afectividade, daquilo que afinal é o nosso melhor bem nesta vida: – a família, a sua força e os seus laços.
Joana Ricardo; Técnica de Análises Clínicas; Porto Santo
Quando me pediram para fazer um breve comentário a esta obra, achei que não ia ser difícil, uma vez que já tinha lido “Mara Hassin e o Silêncio de Alfredo“ e “O Ambientalista a Esfinge e a Face Oculta da Verdade”, e tinha gostado, portanto foi com o coração leve que me deixei levar nos meandros desta estória de amor. O problema surgiu quando percebi que tinha que comentar algo que me ultrapassou completamente. Deixei-me embrulhar de tal forma, que dei comigo preocupada sem saber do avô Arnaldo e acabei de ler o livro num ápice, sem ter tempo de saborear esta maneira de escrever, tão fluida e tão rara nos tempos que correm...
Há quanto tempo não punha as mãos num livro que me desse tanto prazer ler!
E foi assim, que me vi presa numa narrativa envolvente, humana, que me prendeu desde a primeira linha, me levou ao rio onde na minha infância brinquei horas esquecidas, revi-me na Inês e acompanhei-a na busca de si mesma e chorei quando recebeu a avó como uma prenda...Que posso dizer desta obra, a não ser que adorei cada minuto que passei com este companheiro! É um livro que vou, com toda a certeza, ler de novo, com renovado prazer, e agora (que já sei como acaba) vou saborear convenientemente cada frase, cada palavra, desta escrita tão refrescante.
Obrigada, Horta da Silva, por me proporcionar tão bons momentos!
Augusto Cardoso; Professor do Ensino Secundário (Científico-Naturais); Coimbra
Tenho seguido com muito interesse o desabrochar e a evolução literária de Horta da Silva, desde a publicação da sua primeira obra “Mara Hassin e O Silêncio de Alfredo”, à qual se seguiu “O Ambientalista, a Esfinge Egípcia e a Face Oculta da Verdade”, culminando com “A Última Ponte”, ora publicada. A sua escrita, de uma notável riqueza vocabular bafejada sempre por uma límpida erudição, permite ao leitor acompanhá-la, sentindo-se mais uma personagem dos seus romances, como que um espectador em interacção com os episódios que se desenrolam perante os seus olhos e sobre os quais mantém uma constante atitude reflexiva.
Nas suas obras, Horta da Silva parece mostrar muito de si, das suas vivências, da sua formação e percurso científico, da sua necessidade de comunicar pela escrita integrada numa curiosa vertente ético-pedagógica, transmitindo ao leitor um enorme prazer na leitura dos seus romances. De salientar, em toda a sua obra, o extremo cuidado na apresentação da temática científica, de modo a que o leitor néscio nesses assuntos, deles não se sinta deslocado. A técnica narrativa que usa prende o leitor fazendo interessá-lo pelas temáticas versadas e respectivos enredos, técnica essa de aparente descontinuidade na sequência narrativa e que acaba por se traduzir numa grande coerência no encadeamento dos diversos episódios (particularmente em “A Última Ponte”) evidenciando uma atitude de notável inovação na escrita do autor. A obra de Horta da Silva é merecedora de primazia nos escaparates de maior relevo das nossas boas livrarias, infelizmente tão cheias de “lixo”.
Modestamente, sinto-me muito grato por poder compartilhar das opiniões dos reputados especialistas, tão oportunamente expressas no livro, às quais só dei a devida atenção depois de concluir a leitura do romance. Espero que, atingido o “clímax” na evolução do estilo literário do autor, com “A Última Ponte”, outras se lhe sigam, pois os amantes de boa leitura estão em presença de um escritor feito.
Rita Silva; Estudante do Ensino Secundário; Vila Real
A leitura do romance “A Última Ponte” tocou-me profundamente. Também eu, por ventura tal como outros leitores, tenho tido a necessidade de edificar as minhas próprias pontes para prosseguir o caminho atribulado da vida. Esta é para mim a mensagem mais importante do romance. Através desta metáfora, corporizada num texto de processos narrativos engenhosos, ora densos ora temperados de humor, mesmo quando trata de assuntos negros, o autor ajuda-nos a entender o sentido circular, eventualmente helicóide, mas certamente errante e desordenado da nossa existência como seres humanos. É um acordar de consciências para a inevitável necessidade de se erguerem ou encontrarem adequadas travessias entre margens de caudais turbulentos ou de remansos aparentemente atraentes, mas poluídos, quantas vezes por venenos dissimulados.
Henrique Novais Ferreira – Engº Cívil; Investigador do LNEC; Macau
O novo romance de Horta da Silva “A Última Ponte” põe-nos perante a fatalidade de envelhecer num mundo em mudança sob todos os aspectos. Tecnologicamente, passámos da régua de cálculo ao computador pessoal, do telégrafo com alfabeto Morse para o Skype. Hoje não é fácil dominar toda a evolução tecnológica de uma simples máquina fotográfica ou de um telefone portátil. Dantes, quem falava sozinho na rua era certamente apodado de maluco. Hoje quem não fala de mão no ouvido é certamente um abencerragem. Sob o ponto de vista social, o mundo é já outro: desde a liberdade sexual à instabilidade do emprego, onde até os funcionários públicos estão destinados a ser mulheres-a-dias em tempo de crise. O clima do planeta brinda-nos com inusitadas surpresas e a Natureza, num sentido lato, parece zangada connosco e envia-nos, com mais frequência do que seria de esperar, tsunamis e ciclones com ventos do prelúdio dos Tempos. A família aparece a desaparecer, salvando-se, no livro, o entendimento entre um avô e uma neta (Arnaldo e Inês) e também a “Casa do Carvalhal”, singularidades de excepção que confirmam a tendência inexorável do fluxo evolutivo da sociedade contemporânea. Mas a incorruptível natureza do “ciclo da existência” mantém-se inalterada: não perdoa e nunca perdoou. A realidade uma vez mais se impôs: a separação mesmo daqueles que se amam. Globalização? Não! Fragmentação, separação, instabilidade? Certamente!
A arte e, em particular, a pintura sobrevivem ao cataclismo e são dominadas pelo autor, facto que não me surpreende, mas que anoto com merecida admiração. Aliás, se alguma observação de risco me merece a análise do livro, é a que decorre da existência de algumas peculiaridades científicas poderem não ser assimiladas pelo leitor comum, muito embora tais aspectos não deslustrem nem inibam a leitura, pois a trama do romance é estimulante e corre sem sobressaltos. O livro aparece, no entanto, com um epílogo inesperado e algo adocicado. É uma marca da escrita de Horta da Silva, muito provavelmente uma pretensão benfazeja no sentido de quem procura fazer germinar do drama, o sentimento da “Esperança”. Foi assim em “Mara Hassin e O Silêncio de Alfredo” e em “O Ambientalista, a Esfinge Egípcia e a Face Oculta da Verdade”.
Confunde-se muitas vezes escritor com romancista. Podem coexistir, mas um romancista escreve fluente, agradavelmente, de modo a que o leitor se não perca. Aquilino Ribeiro exigia um dicionário a quem não é do Norte. Mas essa característica ajudava-o a definir o ambiente. Um romancista deve contar uma história com boa definição do ambiente, da sociedade e dos caracteres das personagens. “A Última Ponte” inicia-se como obra de escritor e passa a obra de romancista. É uma evolução óptima. Aguardo o próximo romance com acrescido interesse e expectativa.
Victor Aguiar e Silva (Prof. Catedrático de Literatura; Univ. do Minho) - O novo romance de Horta da Silva – A Última Ponte – possui uma efabulação admirável, plasmada numa técnica narrativa que proporciona ao leitor perspectivas e focalizações plurais. Na sua plurissignificação, o título reenvia para um espaço geográfico concreto – as margens coimbrãs do rio Mondego, mas reenvia sobretudo para um tempo intergeracional, com os seus conflitos, as suas ruínas e os seus reencontros e possíveis diálogos. Tingida de uma melancolia crepuscular, - A Última Ponte – é a seu modo um romance de família, num tempo pós-moderno e pós-colonial em que avultam os sentimentos de perda, da incompletude, da ausência e o anseio de recuperar os mundos perdidos, mesmo que seja tão-só de modo virtual ou fantasmático. Na sua trama mítico-simbólica – A Última Ponte – é uma dolorida mas serena reflexão sobre o envelhecimento e a solidão, sobre as ruínas amontoadas pelo anjo da história e sobre os possíveis horizontes de sobrevivência. E é também uma bela e original revisitação do mito de Coimbra e do Mondego em cujas águas nasce e morre, numa circularidade simbólica, a principal personagem da história.
Inês Pedrosa (Escritora ; Jornalista do Expresso) - Através de uma escrita Silva, simultaneamente límpida e erudita, coloquial e introspectiva, Horta da Silva constrói um romance de delicada engenharia, que atravessa o tempo e a vida para atingir os nós intemporais da alma humana. Narrado a partir das vozes cruzadas do avô Arnaldo e da neta Inês, este livro de pontes e restauros recupera a ponte – tantas vezes desprezada – das gerações, restaura a força e a luz do menorizado sentimento da amizade e renova a reflexão sobre os meandros e armadilhas da paixão. Romance de ideias e personagens, «A Última Ponte» consegue ser simultaneamente um romance de mistério, acção e viagem. O pretexto imediato da intriga é uma investigação histórica em torno de um misterioso tríptico do século XVI – mas esse pretexto narrativo conduz-nos, afinal, a uma profunda e desassombrada investigação sobre essa revolucionária invenção do século XX, que é a intimidade.
Adília Alarcão (Dir. do Museu Nacional de Machado de Castro) - “A Última Ponte” é um romance em que o autor revela, uma vez mais, uma intrínseca espontaneidade pedagógica, uma vasta cultura e o gosto pela arte. Dir-se-ia que, através da ficção literária, Horta da Silva concretiza uma necessidade compulsiva de se experimentar e redescobrir numa multiplicidade de egos. Os seus romances não são autobiográficos, mas neles perpassam traços da sua personalidade, das suas vivências, dos seus conhecimentos, das suas dúvidas e convicções sobre problemas actuais, a nível do lugar, do país, do mundo e também a nível cósmico, dando asas a uma enorme criatividade, alicerçada no domínio da língua cuja riqueza saboreia, com deleite, ao correr de uma escrita metafórica e crítica. Uma forma de intervenção cívica...porque não?! Por isso, esta “Última Ponte” é muito mais do que uma obra de engenharia civil; é um elo de ligação social e humano que se ergue à custa de uma atribulada investigação destinada a encontrar o painel central de um retábulo de Quentin Metsis, “A Paixão de Cristo”, sec. XVI, do qual só se conhecem os fragmentos conservados, em Coimbra, no Museu Nacional de Machado de Castro.
Alfeu Sá Marques (Prof. de Engenharia Civil; Univ. de Coimbra) - Comecei a ler “A Última Ponte” à procura da engenharia vertida em literatura e, aos poucos e poucos, fui-me deixando envolver por uma admirável abordagem sobre esse mundo – multifacetado e intrinsecamente complexo – a que se dá o nome de família. É uma história imbuída de recordações e esperanças, recheada de mistério e suspense, que abala a consciência e estimula a razão e que se perpetua para além do epílogo, sob a forma de obra parcialmente aberta. A arquitectura literária é arrojada e esbelta, só ao alcance daqueles que gostam de inovar, e a prosa é fluente, rica e eivada de poesia, projectando no leitor, de um modo forte e arrebatador, a natureza e complexidade dos estados de alma e da intimidade humana. E tudo isto se passa numa atmosfera social inundada de contemporaneidade – cosmopolita, douta e frívola – na qual o envelhecimento se usa esconder, por vergonha e ou incomodidade, ao abrigo do esquecimento. Felizmente, há sempre uma singularidade que, no caso vertente, se traduz na amizade e no diálogo intergeracional que, respectivamente, se gera e emerge entre os narradores (Arnaldo e Inês). Parabéns Horta da Silva, por mais este magnífico romance.
Comentários de Leitores
António Raposo; Eng.º Técnico Agrário; Sines
A modulação das palavras, a forma erudita como as trabalha, o modo como as usa para descrever quer os sentimentos e as emoções das figuras que habitam os seus livros quer o mundo físico onde se inserem, timbram a escrita de Horta da Silva. Para quem leu as suas três obras literárias “Mara Hassin e o Silêncio de Alfredo”, “O Ambientalista e a Face Oculta da Verdade” e, agora, “A Última Ponte”, fácil é verificar que existe nesta escrita uma permanente intenção de rigor e também uma dinâmica evolutiva da construção literária que não procura atalhos fáceis, singularidade bem espelhada neste seu mais recente trabalho.
As personagens são de uma autenticidade dificilmente igualável a pontos de nos levar a admitir que foram companhia do autor na caminhada já efectuada pelo périplo do seu “Ciclo de Existência”. Cantaram Coimbra, humedeceram a pele no cacimbo de Angola, estudaram em terras do Velho e do Novo Mundo ricas de saber, passaram em Sines, assistiram à criação de uma cidade, caçaram perdizes no Alentejo e, aqui, à sombra de uma azinheira, ajuizaram sobre o Social. E, de sabedoria aviados, voltaram a Coimbra para olhar o Mondego e compreender, na escoada das suas águas, o interesse da delonga quando se desfruta a contemplação do que é belo.
“A Última Ponte”, não sendo uma obra autobiográfica, revela-nos os sentimentos, as emoções e as preocupações do autor. Arnaldo e Inês cumprem esse papel de forma conseguida, fechando e abrindo as portas entre duas gerações. Realçar, por fim, todo o trabalho de pesquisa aturada que sustenta o romance e que retrata, uma vez mais, a honestidade do autor. Num período em que os “escritores” brotam como cogumelos, embalados em brindes de supermercado, Horta da Silva é uma lufada de autenticidade criativa. A sua vivência académica e profissional deram-lhe estofo e criaram os alicerces de alguém com talento. Urge divulgar a sua obra literária em nome da qualidade para gáudio dos que apreciam a bela, genuína e humana literatura.
Graça Serrano; Professora do Ensino Secundário (Humanidades); Estremoz.
“A Última Ponte” é uma ficção notável, multifacetada e de grande criatividade. A sua história gira, aparentemente, em redor de um acontecimento recente, a construção de uma nova ponte sobre o rio Mondego, em Coimbra. Mas esta é apenas a razão física que serve de base e metáfora de uma outra ponte, a cuja criação se assiste através da leitura que nos é proporcionada por um hábil e complexo processo narrativo.
Através de textos onde sobressai a riqueza vocabular e temática, dois narradores de sexos diferentes e marcada diferença de idades, Arnaldo e Inês, que são também as personagens principais, levam-nos por espaços físicos reais e imaginários, descritos com grande beleza e impressionante exactidão, tal como acontece com os espaços da interiorização, da intimidade, dos afectos, estabelecendo por fim entre eles o elo que se sentia urgente e emergente desde o início do livro, porque afinal, como diz Arnaldo (pág. 96), “o fim é sempre o princípio de qualquer coisa diferente”.
José Eduardo (Z dado); Artes e Letras; Vila Nova de Santo André
Quando começo a ler um romance desconheço sempre de que matérias de conquista se munem as suas páginas. Nunca sei se a viagem será monótona, se a abandonarei a meio ou se, paradoxalmente, me seduzirá e prenderá cativo na descoberta entusiasta e apaixonada.
Ao percorrer “A Última Ponte” senti-me mergulhar numa dessas experiências. Assaz catalisadora, vão-lhe sendo introduzidas mutações, passo a passo, por vezes desconcertantes, dinamizando a narrativa, o interesse e o apetite voraz pelo decurso da trama. Alentado de uma beleza estética em alguns momentos próxima da poética, Horta da Silva, alcança neste romance uma interessante harmonia entre a erudição e a popularidade tangida de coloquiais regionalismos, entrecruzando a componente científica sem esbatimento do ritmo narrativo.
O aprofundamento insistente da intimidade, a deliciosa imiscuição do autor no carácter do pensamento feminino, a riqueza cultural adjacente aos diversos níveis de dissertação, a amplitude de ideias e horizontes nas reflexões produzidas, contribuem para que se chegue ao final d’ “A Última Ponte” a desejar a continuidade do caminho.
Neusa Maria Pedreira; Professora do Ensino Secundário (Humanidades); Almada
Demorei o tempo útil a ler e compreender os meandros de “A Última Ponte” de Horta da Silva, mas sinto-me enriquecida por tê-lo feito. De facto, através de uma prosa bem elaborada, por vezes poética e substancialmente amadurecida e de um enredo que convida a uma leitura lenta e degustada, o autor constrói um romance realmente arrebatador, do início ao terminus, a pontos de nos deixar um conjunto de interrogações que assolam a mente e perduram, tempo fora, na cogitação do leitor. Por outro lado, o universo complexo dos seus protagonistas remete para um deambular sereno e atento das suas mentes. Da mesma forma, o recurso a referências universais, entre elas, a da "família" no seu estado mais íntimo, constituiu para mim uma preciosa mais valia. Um portento literário. Confesso que ADOREI....
Maria do Carmo Ferreira; Empresária; Lagos.
Para dizer a verdade, quando cheguei a cerca de um terço deste livro, pensei algo do género «aqui está mais um texto interessante, bem escrito e muito ao gosto do momento, uma aventura tipo Código DaVinci, com ponto de partida em Portugal"». Com o prosseguimento da leitura, confirmou-se a minha ideia de que estamos em presença de uma obra com um intrincado enredo de suspense e acção mas que, para além da aventura, contém uma força acrescida que lhe é dada por um cariz marcadamente humano. Os encontros e desencontros de amigos, de amantes, de familiares e de gerações – onde facilmente cada um de nós reconhece alguém ou alguma situação e, eventualmente se revê – conferem-lhe uma verosimilhança e um sabor especificamente gostoso.
Joaquim Guia Marques; Engº Civil; Santiago do Cacém
Os livros são como os melões! Só se sabe o que valem depois de abertos e degustados.
Têm nome antigo os melões de Almeirim e os escritos de Coimbra. Os melões de Almeirim às vezes já não são o que eram, desmerecem a fama antiga. A julgar por “A Última Ponte”, os escritos de Coimbra mantêm o sabor da sua fama. Logo nas primeiras páginas fica-se com a sensação de estar em presença de um bom melão, perdão, de uma excelente escrita.
Tendo tido o prazer de partilhar com o autor alguns anos de trabalho técnico envolvendo a elaboração de muitos relatórios, cedo me habituei a admirar o seu rigor na definição de conceitos e precisão na delimitação e caracterização das fronteiras próprias de cada trabalho concreto.
“A Última Ponte” apresenta o rigor científico que já conhecia, enriquecido pela trama da acção e riqueza das personagens. Apresenta todos os ingredientes necessários e indispensáveis a um bom romance: movimento, personagens credíveis, porque próximas de nós, palcos de actuação perfeitamente verosímeis, relações afectivas das personagens, por vezes passageiras, mas sempre intensas e profundamente humanas. O autor também não se exime, pela boca das suas criações, à tomada de posição social e política. Apreciei ainda, digamos, o louvor ao trabalho abnegado, que a essência do romance encerra e a forma metodológica e pedagógica como são tratados os assuntos ligados à arte - sem nos deixarmos deslumbrar por eles – e, muito em especial, a abordagem sobre os meios técnico-científicos que são postos, em tempos recentes, à nossa disposição.
Obrigado: pela leitura agradável e fácil sem ser facilitadora, pelo humanismo que perpassa todo o livro e pela nota de optimismo sobre a vida e sobre as pessoas, que a obra globalmente transmite.
Cláudia Duarte; Estudante de Medicina Veterinária; Porto
“A Última Ponte” é um romance sobre uma família, num tempo pós-moderno, uma família como tantas …conjunto do qual tão-pouco excluo a minha.
Uma história de um avô e de uma neta, onde se dá um entrecruzar de gerações, de memórias escritas e fotografadas, de fragmentos de um diário e de saberes, que nos revelam como é possível duas pessoas, genuinamente apartadas no tempo, nos usos e nos costumes, poderem acabar por percorrer, juntas, o trilho do entendimento. É motivo sublime para uma densa reflexão sobre os meandros, os percalços e os obscuros recantos dos ciclos das nossas existências, nos quais o sortilégio do mundo das motivações, dos sentimentos e das emoções adquire valor transcendental no que se refere àqueles ou às coisas que andam coladas às nossas vidas ou que delas façam intrinsecamente parte.
Uma história empolgante, envolta em mistério do princípio ao fim, que nos faz voar, imaginar e querer rapidamente virar a próxima página. Uma romance onde o passado, o presente, o futuro e, inclusivamente, a eventual imortalidade da alma se cruzam…para nos mostrar que é de onde menos esperamos que, muitas vezes, irrompe o discernimento indispensável à resolução dos nossos próprios enigmas. Enfim, um romance que vale a pena ler!
Zélia Baptista; Professora de Língua Portuguesa; Macau
Terminei, há cerca de duas semanas, a leitura de “A Última Ponte” de Horta da Silva. O autor pediu-me a minha opinião, pelo facto de eu ter lido também “Mara Hassin e o Silêncio de Alfredo” e o “Ambientalista, a Esfinge Egípcia e a Face Oculta da Verdade”. Para fazer um parecer isento, foi preciso deixar que a mesa do pensamento se libertasse das iguarias emotivas que o romance deixa no leitor e, só por essa razão, agora me dei a este comentário. Por outro lado, não sei se pelo facto de Mara Hassin ter sido a primeira obra literária de Horta da Silva – que surpreendeu, de sobremaneira, muito gente – tive ainda de joeirar mais este inconveniente para poder fazer uma análise isenta e, a partir daí, concluir:
a) A prosa continua erudita, hialina, genuína, poética e fluente, não obstante poder exigir, de quando em vez, o recurso da companhia de um bom dicionário.
b) A estrutura literária tem evoluído para patamares cada vez mais elaborados: em “Mara Hassin” tivemos um narrador outsider da história, em “O Ambientalista” tivemos um narrador que é uma das personagens da história e, agora, temos dois narradores (um avô e uma neta) facto que obriga o leitor a ter, em atenção, a arquitectura do romance, esquematizada nas primeiras páginas do livro.
c) A narrativa de Horta da Silva é um casamento harmónico entre a ficção e a realidade, e está imbuída de acontecimentos inesperados, que brotam onde menos se espera, estilo que alimenta, a leitura, de uma ânsia que transcende a curiosidade.
“A Última Ponte”, título metafórico, é, por tudo isto, um romance belo, assaz humano, salpicado de intriga e de humor fino E tem ainda uma outra particularidade. Desenterra, entre as suas inúmeras e inesperadas deambulações, ícones de Coimbra, passíveis de escapar a uma leitura corrida, mesmo tendo em atenção a imagem inserta na capa onde sobressaem o Mondego, a Ponte R. Santa Isabel e as figuras de uma jovem e de um homem a admirarem “La Rive Gauche”, facto que nos indica que as origens culturais do autor não estão, exclusivamente, insertas no mundo anglo-saxónico. É gostoso encontrar entre outros, Miguel Torga (homem de aspecto rude, otorrino, poeta e opositor ao regime do Estado Novo), a quinta da Boa Vista (hoje escola de hotelaria) ainda com o secular pilriteiro no centro do pátio, o velho rio, cansado de meandrar entre um role de lavadeiras desinteressadas do extenso areal, das noras e das barcas serranas, a Lapa dos Esteios onde poetas cantaram e, em particular, Banhos Secos, local onde se empoleira a Casa do Carvalhal, símbolo mítico da obra. É daqui, bem no desterro de “La Rive Gauche”, imaginem só, que o leitor é levado, por motivos de um célebre tríptico do Séc. XVI – espólio do Museu Nacional de Machado de Castro – a uma aventura empolgante que passa também por Angola, Holanda e Canadá, narrativa esta só ao alcance daqueles que nascem bafejados pelo dom da criatividade.
Carlos Regêncio Macedo; Prof. Universitário de Geologia; Coimbra
A leitura do último romance de Horta da Silva teve, para mim, encantos muito especiais. Escrito numa linguagem perfeita e atraente, de leitura agradável e arrebatadora – enquadrada numa estrutura literária complexa e pouco usual, mas muito bem conseguida – levou-me a lê-lo com entusiasmo crescente à medida que ia avançando na ânsia de atingir o final e deliciar-me com as surpresas que surgiriam com o desenrolar da história. No entanto, e para além dos factos apontados, há outros motivos que me entusiasmaram e me marcaram pelas recordações.
Começo por salientar, como “Coimbrinha” nascido em plena Baixa, a minha apetência para gozar as paisagens das margens do Mondego que tão bem estão ilustradas, embora me situasse mais na margem direita. Claro que a margem esquerda também teve os seus encantos, mani-festados na passagem pela ponte do Modesto para poder gozar as delícias dos domingos de Verão no areal e os banhos nas suas águas e aproveitar a sombra dos choupos, salgueiros e canaviais que o bordejavam, ou indo mais a montante, para a Lapa dos Esteios.
Depois vem o material utilizado na investigação: os minerais que se aplicaram como corantes e as análises envolvidas, microscópicas, analíticas, radiológicas e que foram marcantes em toda a minha actividade profissional. Dentro desta situação, posso englobar as minhas recordações da estadia em Amsterdão, em trabalhos no Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Livre, com a visita aos vários Museus (Van Gogh, com as suas magníficas pinturas, Rijks, com a “Ronda da Noite” que também consta do livro, casas de Rembrandt e Anne Franck, entre outros), os canais e seus barcos, os diques e moinhos, as casas típicas, terminando em Amstelveen, onde se situava a residência em que me alojei, e por onde passeei encantado. E, para completar este item, pasmei ao ler que uma das personagens descritas (Marlen Heideger) era portuguesa, natural de Vilarandelo, perto de Valpaços, região transmontana aonde iniciei os meus trabalhos como geólogo de campo.
Todas estas paragens são descritas de uma forma tão perfeita que as revi com toda a facilidade e exactidão. Não me alongo mais, manifestando ao Horta da Silva os meus melhores agradecimentos por estes momentos vividos e, com um grande abraço ao colega amigo, os meus parabéns por este tão belo e magnífico romance, ficando a aguardar o próximo.
Louzã Henriques; Médico Psiquiatra; Coimbra
Depois de ler “A Última Ponte”, recente e humaníssimo romance de Horta da Silva, apeteceu-me cantarolar, revivendo Zeca Afonso, em Balada do Outono:
... Águas do rio calai,
Oh ribeiras chorai
Que eu não volto a cantar...
Toda a terra é sítio para nascer, mas à beira-rio, numa comunidade de mulheres de trabalho, as que lavam o corpo e a roupa, é local privilegiado para isso acontecer. Perde-se a escala do tempo e até sucede que se volte à idade da pedra em que os dentes, de uma delas, foram navalha para cortar o cordão que liga todas as gerações. Sabemos que no amor, as plantas acordam e todos os bichos levantam a pequena cabeça e sabemos, também, que o sol e as luas dão voz ao que vai nascer. Por momentos, todas elas foram mães e ao mesmo tempo criaram um horizonte de esperança. Talvez a vida seja feita de vidas, as que tivemos e as que perdemos no decurso da nossa feitura pessoal e colectiva. Sim, todos perdemos vidas da nossa vida e, talvez por isso, nos julguemos detentores de identidade mas, por certo, somos fruto de frutos que amadureceram, secaram, foram vítimas de pragas e até apodreceram mas, mesmo assim, fruto de frutos.
Sobre os rios e as vidas de cada um, pontes foram lançadas, às vezes simples poitas, através das quais, pé ante pé, a vau se atingiu a outra margem. Margem de quê e de quem? Então descobrimos que somos o que fomos, o que podíamos ter sido e aquilo que seremos. Perde-se muito e alguma coisa se ganha caminhando à beira da água, sabendo que há sempre outra margem e que há de um lado e do outro amores e desamores, encontros e desencontros, mas sempre a perenidade das coisas que aos outros pertencem e a nós próprios também. A ponte das pontes é sempre aquela que julgamos nossa, e porque vivemos à beira da morte, talvez seja bom que à beira-rio a encontremos e sob o seu manto, que dizem negro, encontremos também o misterioso descanso que ela nos promete.
Que outra filosofia valerá a pena tentar?
Maria Lioza; Advogada; Recife - Pernambuco; Brasil
Li o livro "A Última Ponte" de capa à capa e confesso que valeu a pena o tempo dedicado à sua leitura. Gostei muito da história. É uma trama bem encadeada, em que os personagens, ora fazem parte do passado, ora ressurgem no presente, sem que na multiplicidade dos episódios em que se desenrola, ou na riqueza dos relatos, minuciosamente descritos, com filigranas de detalhes, perca-se o rumo da história.
Apreciei, sobremaneira, a imaginação prodigiosa e a linguagem primorosa usadas pelo autor, que me fizeram vislumbrar as paisagens, os lugares, os episódios e adentrar a alma e sentimentos dos personagens com tanta fidelidade, como se os mesmos fossem de verdade e não, apenas, de ficção. A motivação focada no retábulo do século XVI, que retrata o painel central da "Paixão de Cristo", cuja investigação sobre a autenticidade da obra, fundamentou o desenrolar de uma emocionante história de encontros e desencontros dos personagens com seus dramas existenciais, suas paixões, angústias, solidão, consegue prender a atenção e aguçar a imaginação e curiosidade do leitor para a conclusão final sobre a originalidade da obra.
Demonstra, também, que o autor do livro, além de ser um grande conhecedor de arte, é, ainda detentor de vasto conhecimento em diversas áreas do espectro científico. Ademais, no decorrer da leitura de "A Última Ponte", percebe-se, nas entrelinhas, algo como um relato auto-biográfico. Esta foi minha impressão, levando em conta alguns cenários que retratam lugares e acontecimentos vividos por Arnaldo, a exemplo da guerrilha em Angola e da fuga inesperada e brusca de Luanda. Não sei se a impressão procede, ou se é, apenas, fruto da minha imaginação. Seja como for, achei muito bom o livro "A Última Ponte", que não tem nada a ver com a moderna estrutura de engenharia fotografada na capa, mas, no meu entender, simboliza os laços que podem unir gerações, através da afetividade e da cumplicidade surgidas e cultivadas entre elas.
Sem pretensões de vestir a pele de “crítica” versada em literatura, creio que este livro consagra a carreira de Horta da Silva como escritor, restando-me parabenizá-lo pelo belo trabalho e incentivá-lo a continuar seguindo o caminho, pois talento não lhe falta.
Jorge Calado; Bancário; Sines
Parabéns Horta da Silva pelo seu novo romance “A Última Ponte”.
Com uma escrita fluente e uma descrição cativante, o escritor Horta da Silva consegue prender a atenção do leitor em cada linha, pode-se dizer mesmo em cada palavra. Embora as descrições sejam algumas vezes pormenorizadas, nem por isso deixam de ser menos humanas e absorventes, mostrando sempre a cor que nunca vimos numa folha ou a alma que nunca sentimos numa pedra.
Num mundo onde o tecnicismo se sobrepõe a todos os valores e a globalização despreza os sentimentos, vem o escritor Horta da Silva, com este livro, chamar a atenção para uma relação de valores humanos onde as gerações se interligam e fundem numa história que nos obriga a pensar e a rever a situação individualista a que a humanidade está vocacionada.
Muito obrigado, não só por ter escrito “A Última Ponte” mas, acima de tudo, por o ter feito de um modo cuja leitura proporciona um prazer inefável.
Margarida Hilgers; Consultora Imobiliária; Lagos.
Um livro que prende o leitor desde o início, com uma intriga muito bem montada, onde não faltam detalhes reveladores de apurado sentido estético, sensibilidade e conhecimento, quer a nível científico e cultural, quer do género humano, nas suas mais diversas vertentes. Em suma, “A Última Ponte” transporta-nos para um universo de aventura, onde a mais fantástica descoberta é a da afectividade, daquilo que afinal é o nosso melhor bem nesta vida: – a família, a sua força e os seus laços.
Joana Ricardo; Técnica de Análises Clínicas; Porto Santo
Quando me pediram para fazer um breve comentário a esta obra, achei que não ia ser difícil, uma vez que já tinha lido “Mara Hassin e o Silêncio de Alfredo“ e “O Ambientalista a Esfinge e a Face Oculta da Verdade”, e tinha gostado, portanto foi com o coração leve que me deixei levar nos meandros desta estória de amor. O problema surgiu quando percebi que tinha que comentar algo que me ultrapassou completamente. Deixei-me embrulhar de tal forma, que dei comigo preocupada sem saber do avô Arnaldo e acabei de ler o livro num ápice, sem ter tempo de saborear esta maneira de escrever, tão fluida e tão rara nos tempos que correm...
Há quanto tempo não punha as mãos num livro que me desse tanto prazer ler!
E foi assim, que me vi presa numa narrativa envolvente, humana, que me prendeu desde a primeira linha, me levou ao rio onde na minha infância brinquei horas esquecidas, revi-me na Inês e acompanhei-a na busca de si mesma e chorei quando recebeu a avó como uma prenda...Que posso dizer desta obra, a não ser que adorei cada minuto que passei com este companheiro! É um livro que vou, com toda a certeza, ler de novo, com renovado prazer, e agora (que já sei como acaba) vou saborear convenientemente cada frase, cada palavra, desta escrita tão refrescante.
Obrigada, Horta da Silva, por me proporcionar tão bons momentos!
Augusto Cardoso; Professor do Ensino Secundário (Científico-Naturais); Coimbra
Tenho seguido com muito interesse o desabrochar e a evolução literária de Horta da Silva, desde a publicação da sua primeira obra “Mara Hassin e O Silêncio de Alfredo”, à qual se seguiu “O Ambientalista, a Esfinge Egípcia e a Face Oculta da Verdade”, culminando com “A Última Ponte”, ora publicada. A sua escrita, de uma notável riqueza vocabular bafejada sempre por uma límpida erudição, permite ao leitor acompanhá-la, sentindo-se mais uma personagem dos seus romances, como que um espectador em interacção com os episódios que se desenrolam perante os seus olhos e sobre os quais mantém uma constante atitude reflexiva.
Nas suas obras, Horta da Silva parece mostrar muito de si, das suas vivências, da sua formação e percurso científico, da sua necessidade de comunicar pela escrita integrada numa curiosa vertente ético-pedagógica, transmitindo ao leitor um enorme prazer na leitura dos seus romances. De salientar, em toda a sua obra, o extremo cuidado na apresentação da temática científica, de modo a que o leitor néscio nesses assuntos, deles não se sinta deslocado. A técnica narrativa que usa prende o leitor fazendo interessá-lo pelas temáticas versadas e respectivos enredos, técnica essa de aparente descontinuidade na sequência narrativa e que acaba por se traduzir numa grande coerência no encadeamento dos diversos episódios (particularmente em “A Última Ponte”) evidenciando uma atitude de notável inovação na escrita do autor. A obra de Horta da Silva é merecedora de primazia nos escaparates de maior relevo das nossas boas livrarias, infelizmente tão cheias de “lixo”.
Modestamente, sinto-me muito grato por poder compartilhar das opiniões dos reputados especialistas, tão oportunamente expressas no livro, às quais só dei a devida atenção depois de concluir a leitura do romance. Espero que, atingido o “clímax” na evolução do estilo literário do autor, com “A Última Ponte”, outras se lhe sigam, pois os amantes de boa leitura estão em presença de um escritor feito.
Rita Silva; Estudante do Ensino Secundário; Vila Real
A leitura do romance “A Última Ponte” tocou-me profundamente. Também eu, por ventura tal como outros leitores, tenho tido a necessidade de edificar as minhas próprias pontes para prosseguir o caminho atribulado da vida. Esta é para mim a mensagem mais importante do romance. Através desta metáfora, corporizada num texto de processos narrativos engenhosos, ora densos ora temperados de humor, mesmo quando trata de assuntos negros, o autor ajuda-nos a entender o sentido circular, eventualmente helicóide, mas certamente errante e desordenado da nossa existência como seres humanos. É um acordar de consciências para a inevitável necessidade de se erguerem ou encontrarem adequadas travessias entre margens de caudais turbulentos ou de remansos aparentemente atraentes, mas poluídos, quantas vezes por venenos dissimulados.
Henrique Novais Ferreira – Engº Cívil; Investigador do LNEC; Macau
O novo romance de Horta da Silva “A Última Ponte” põe-nos perante a fatalidade de envelhecer num mundo em mudança sob todos os aspectos. Tecnologicamente, passámos da régua de cálculo ao computador pessoal, do telégrafo com alfabeto Morse para o Skype. Hoje não é fácil dominar toda a evolução tecnológica de uma simples máquina fotográfica ou de um telefone portátil. Dantes, quem falava sozinho na rua era certamente apodado de maluco. Hoje quem não fala de mão no ouvido é certamente um abencerragem. Sob o ponto de vista social, o mundo é já outro: desde a liberdade sexual à instabilidade do emprego, onde até os funcionários públicos estão destinados a ser mulheres-a-dias em tempo de crise. O clima do planeta brinda-nos com inusitadas surpresas e a Natureza, num sentido lato, parece zangada connosco e envia-nos, com mais frequência do que seria de esperar, tsunamis e ciclones com ventos do prelúdio dos Tempos. A família aparece a desaparecer, salvando-se, no livro, o entendimento entre um avô e uma neta (Arnaldo e Inês) e também a “Casa do Carvalhal”, singularidades de excepção que confirmam a tendência inexorável do fluxo evolutivo da sociedade contemporânea. Mas a incorruptível natureza do “ciclo da existência” mantém-se inalterada: não perdoa e nunca perdoou. A realidade uma vez mais se impôs: a separação mesmo daqueles que se amam. Globalização? Não! Fragmentação, separação, instabilidade? Certamente!
A arte e, em particular, a pintura sobrevivem ao cataclismo e são dominadas pelo autor, facto que não me surpreende, mas que anoto com merecida admiração. Aliás, se alguma observação de risco me merece a análise do livro, é a que decorre da existência de algumas peculiaridades científicas poderem não ser assimiladas pelo leitor comum, muito embora tais aspectos não deslustrem nem inibam a leitura, pois a trama do romance é estimulante e corre sem sobressaltos. O livro aparece, no entanto, com um epílogo inesperado e algo adocicado. É uma marca da escrita de Horta da Silva, muito provavelmente uma pretensão benfazeja no sentido de quem procura fazer germinar do drama, o sentimento da “Esperança”. Foi assim em “Mara Hassin e O Silêncio de Alfredo” e em “O Ambientalista, a Esfinge Egípcia e a Face Oculta da Verdade”.
Confunde-se muitas vezes escritor com romancista. Podem coexistir, mas um romancista escreve fluente, agradavelmente, de modo a que o leitor se não perca. Aquilino Ribeiro exigia um dicionário a quem não é do Norte. Mas essa característica ajudava-o a definir o ambiente. Um romancista deve contar uma história com boa definição do ambiente, da sociedade e dos caracteres das personagens. “A Última Ponte” inicia-se como obra de escritor e passa a obra de romancista. É uma evolução óptima. Aguardo o próximo romance com acrescido interesse e expectativa.
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