GRUPO DE INSTRUMENTOS DE SOPRO DE COIMBRA – GALA DOS 25 ANOS -
CRÓNICA DE UM ESPECTÁCULO MEMORÁVEL
Como alguém disse, Coimbra é um paradoxo musical! Um grupo (com 60 músicos) que é uma grande orquestra! Para quem não conhece, o Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra, sob a direcção do maestro Adelino Martins, se incluísse a palavra orquestra na sua designação, atrairia certamente mais a atenção da cidade que se diz de exigência cultural. No último sábado, dia 26 de Janeiro, o Teatro de Gil Vicente esteve repleto (embora muitos dos presentes fossem familiares e amigos, e assim, no bom sentido, um público “engagé”), num programa permanentemente atractivo, que se estendeu até à uma hora da manhã. Não apurando, agora, se a cidade é ou não exigente, todavia parece evidente que não tem andado muito atenta aos cerca de 60 músicos que se não tocam de capa e batina, aprendem em escolas e conservatórios que são verdadeiras universidades e com professores que são autênticos catedráticos na matéria. Cidade desatenta, ainda, pois que até à presente data, o Diário de Coimbra ainda não publicou uma linha de texto ou uma simples fotografia. Esperemos que ainda o faça. Certa imprensa também tem paradoxos!
O GISC, de entre muitas outras participações, obteve o 1º Prémio em Neerpelt (Bélgica), 1991; o 2º Prémio no festival da mesma cidade, em 1987; e Prémio da Província de Katowice, realizado na Polónia, 1989. Em 2005, novamente no festival de Neerpelt foi laureado com o 1º lugar na categoria A – Grandes Formações Orquestrais. Seria penoso, porque extenso (embora justo), salientar os pontos essenciais do currículo deste grupo, pelo qual já passaram centenas de músicos, sendo muitos deles destacados professores de música e dirigentes de outros agrupamentos. A gala abriu com o Sax Ensemble (Quarteto de Saxofones de Coimbra) com uma entrada primorosa, que contemplou um leque de compositores de Vivaldi a Piazzolla e P. Desmond. Do compositor argentino, pudemos ouvir o célebre Libertango, num arranjo com uma sonoridade bastante coesa nos registos dos quatro saxofones.
Os Dixie Gringos trouxeram um tom de humor ao programa, nunca alheados de uma interpretação segura, ainda que descontraída, no ambiente dos primórdios do jazz. Seguiu-se, e sem intervalo, o Ensemble Juvenil de Metais Barquisimetal do Estado de Lara, Venezuela, dirigido pelo jovem maestro Pedro Vásquez, com um repertório de diferentes estilos, e que tem desempenhado um papel de relevo na integração social de jovens venezuelanos desfavorecidos que querem encetar a sua formação musical.
No momento mais simbólico da Gala dos 25 Anos, o professor, compositor e maestro Adelino Martins, na companhia dos elementos fundadores do GISC, partilhando humildemente o galardão, recebeu a Medalha de Ouro da Cidade, conferida pelo Município de Coimbra, e que foi entregue pelo Vereador da Cultura, que usou da palavra, bem como o Delegado Regional da Secretaria de Estado da Cultura de Coimbra e o Delegado do Inatel de Coimbra, a quem os Dixie Gringos, antes deste momento, já haviam feito um rasgado elogio, pela aposta que tinha feito nos jovens deste agrupamento sui generis. O Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra encerrou o programa com cinco obras de escolha criteriosa para uma orquestra desta formação, onde, por toda a massa sonora, nunca em nenhum momento houve lugar a registos tímbricos dos agudos que pudessem “ferir” a unidade entre todos os naipes e do próprio equilíbrio da composição, aspecto que merece sempre a maior atenção numa formação musical de instrumentos de sopro.
A batuta de Adelino Martins, na sua tão peculiar simplicidade de gestos como de segurança, conduziu este grupo orquestral numa dinâmica perfeitamente dominada, quer nos andamentos quer nos pianos e fortes. Ouvimos Festival Prelude de Alfred Reed, Carnival of the Animals de C. Säint-Sains, New Baroque Suite de Ted Huggens, Super Nova de H.J. Rhinow e Vanity Fair de Percy Fletcher, havendo ainda lugar para dois extras, com todos os grupos, a finalizar da melhor maneira com Marcha Radetsky e Coimbra é uma Lição, peças regidas, respectivamente, por Pedro Vásquez e Adelino Martins.
Eduardo Aroso
CRÓNICA DE UM ESPECTÁCULO MEMORÁVEL
Como alguém disse, Coimbra é um paradoxo musical! Um grupo (com 60 músicos) que é uma grande orquestra! Para quem não conhece, o Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra, sob a direcção do maestro Adelino Martins, se incluísse a palavra orquestra na sua designação, atrairia certamente mais a atenção da cidade que se diz de exigência cultural. No último sábado, dia 26 de Janeiro, o Teatro de Gil Vicente esteve repleto (embora muitos dos presentes fossem familiares e amigos, e assim, no bom sentido, um público “engagé”), num programa permanentemente atractivo, que se estendeu até à uma hora da manhã. Não apurando, agora, se a cidade é ou não exigente, todavia parece evidente que não tem andado muito atenta aos cerca de 60 músicos que se não tocam de capa e batina, aprendem em escolas e conservatórios que são verdadeiras universidades e com professores que são autênticos catedráticos na matéria. Cidade desatenta, ainda, pois que até à presente data, o Diário de Coimbra ainda não publicou uma linha de texto ou uma simples fotografia. Esperemos que ainda o faça. Certa imprensa também tem paradoxos!
O GISC, de entre muitas outras participações, obteve o 1º Prémio em Neerpelt (Bélgica), 1991; o 2º Prémio no festival da mesma cidade, em 1987; e Prémio da Província de Katowice, realizado na Polónia, 1989. Em 2005, novamente no festival de Neerpelt foi laureado com o 1º lugar na categoria A – Grandes Formações Orquestrais. Seria penoso, porque extenso (embora justo), salientar os pontos essenciais do currículo deste grupo, pelo qual já passaram centenas de músicos, sendo muitos deles destacados professores de música e dirigentes de outros agrupamentos. A gala abriu com o Sax Ensemble (Quarteto de Saxofones de Coimbra) com uma entrada primorosa, que contemplou um leque de compositores de Vivaldi a Piazzolla e P. Desmond. Do compositor argentino, pudemos ouvir o célebre Libertango, num arranjo com uma sonoridade bastante coesa nos registos dos quatro saxofones.
Os Dixie Gringos trouxeram um tom de humor ao programa, nunca alheados de uma interpretação segura, ainda que descontraída, no ambiente dos primórdios do jazz. Seguiu-se, e sem intervalo, o Ensemble Juvenil de Metais Barquisimetal do Estado de Lara, Venezuela, dirigido pelo jovem maestro Pedro Vásquez, com um repertório de diferentes estilos, e que tem desempenhado um papel de relevo na integração social de jovens venezuelanos desfavorecidos que querem encetar a sua formação musical.
No momento mais simbólico da Gala dos 25 Anos, o professor, compositor e maestro Adelino Martins, na companhia dos elementos fundadores do GISC, partilhando humildemente o galardão, recebeu a Medalha de Ouro da Cidade, conferida pelo Município de Coimbra, e que foi entregue pelo Vereador da Cultura, que usou da palavra, bem como o Delegado Regional da Secretaria de Estado da Cultura de Coimbra e o Delegado do Inatel de Coimbra, a quem os Dixie Gringos, antes deste momento, já haviam feito um rasgado elogio, pela aposta que tinha feito nos jovens deste agrupamento sui generis. O Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra encerrou o programa com cinco obras de escolha criteriosa para uma orquestra desta formação, onde, por toda a massa sonora, nunca em nenhum momento houve lugar a registos tímbricos dos agudos que pudessem “ferir” a unidade entre todos os naipes e do próprio equilíbrio da composição, aspecto que merece sempre a maior atenção numa formação musical de instrumentos de sopro.
A batuta de Adelino Martins, na sua tão peculiar simplicidade de gestos como de segurança, conduziu este grupo orquestral numa dinâmica perfeitamente dominada, quer nos andamentos quer nos pianos e fortes. Ouvimos Festival Prelude de Alfred Reed, Carnival of the Animals de C. Säint-Sains, New Baroque Suite de Ted Huggens, Super Nova de H.J. Rhinow e Vanity Fair de Percy Fletcher, havendo ainda lugar para dois extras, com todos os grupos, a finalizar da melhor maneira com Marcha Radetsky e Coimbra é uma Lição, peças regidas, respectivamente, por Pedro Vásquez e Adelino Martins.
Eduardo Aroso
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