domingo, 16 de novembro de 2008

Como sabem, o Dr. Isabelinha foi um célebre oftalmologista em Santarém que completará no dia 5 de Dezembro 100 Anos. Nasceu em Almeirim, estudou no Liceu de Santarém e rumou a Coimbra onde concluiu Medicina em 1936. Deu consulta até aos 97 anos, pelo que, faz 4 anos que se aposentou. Como tal, dia 8 de Dezembro será a festa em Santarém.
Também o Jornal "O Ribatejo", na sua edição online já tem uma reportagem.

Rui Lopes

Aniversário - Doutor Isabelinha vai completar 100 anos

Isabelinha, o médico solidário

O doutor Joaquim Isabelinha vai celebrar o centésimo aniversário no dia 5 de Dezembro e vai ter no dia 8 uma grande festa de homenagem. Sexta-feira, depois da conferência de imprensa, subimos as escadas do velho consultório no Largo do Seminário, para saber como está o antigo médico oftalmologista e trocar dois dedos de conversa sobre a sua vida de homem solidário que lhe valeu o título de "médico dos pobres".
Os quase 100 anos de idade pesam naturalmente, mas o doutor Isabelinha mantém-se lúcido e atento ao que se passa à sua volta. "Gostava de saber como ficaram as eleições americanas, gostava tanto que o Barak Obama ganhasse... É um homem notável."
As palavras do velho médico colhem-nos de surpresa. No corpo franzino e ultimamente enfraquecido, a ponto de só conseguir andar com a ajuda de um andarilho, o doutor Isabelinha recorda-nos os episódios marcantes da sua vida, como se os estivesse a reviver hoje.
A conversa sobre Barak Obama emocionou-o vivamente com a memória de um antigo amigo do curso de medicina em Coimbra e da equipa de futebol da Académica. "O Filipe Santos era cabo-verdiano e recordo-me que de início estava muito receoso de ser mal recebido pelo facto de ser mulato. Pelo contrário, todos os tratávamos bem. No fim do curso, voltou para Cabo Verde.
Inconformado com aquele desterro e com as saudades de Portugal meteu-se na bebida e acabou por morrer com problemas de saúde", recorda de lágrimas nos olhos. "Se eu tivesse sabido, que ele passava mal, tinha-o ajudado a regressar a Portugal e ele certamente tinha tido outra vida, mas só soube o que se passou depois da sua morte", recordou o doutor Isabelinha.
Mudamos a agulha da conversa para todas as outras pessoas que o doutor Isabelinha ajudou, salvou da cegueira, da fome e da miséria.
Filho de agricultores de Almeirim, já em estudante o doutor Joaquim Isabelinha ajudava financeiramente colegas necessitados. "Sempre fui poupado e procurava não gastar tudo o que tinha, por isso quando me sobrava algum dinheiro podia ajudar as pessoas". Oftalmologista prestigiado, ao seu consultório acorriam pessoas de vários pontos do país. "É verdade que ganhei muito dinheiro, mas foram talvez mais as consultas que dei sem cobrar nada e muitas vezes a dar ainda uma ajuda para os medicamentos dos mais necessitados".
Atribui a saúde e longevidade, ao facto de "ter levado uma vida regrada, sem fumar, sem beber, sem noitadas ou excessos". Quais foram então os seus prazeres na vida? - "Tive uma vida muito boa. O meu prazer era estar com a família, com os amigos e, na juventude, a jogar à bola primeiro em Almeirim, depois no Liceu em Santarém e mais tarde na Universidade em Coimbra. O melhor que me aconteceu na vida foi o casamento com a minha mulher que era uma santa senhora".
Na sala onde nos recebeu, as paredes estão decoradas com fotografias ampliadas da família. Fala-nos da grande estima pelo seu filho, também médico oftalmologista, doutor José Isabelinha, e do especial carinho pelos seus três netos e da bisneta, que lhe avivam o olhar de alegria.
Jornal "O Ribatejo"
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1 Comentários:

Blogger Manuel F. Marques Inácio disse...

Meus amigos

Tudo isso é verdade. É um homem excepcional. Infinitamente bom, solidário, fraterno sem dimensão.
Um apaixonado pela sua Briosa. Foi um atleta de eleição. Foi uma das grandes estrelas da Briosa. Fez o primeiro jogo em 30 de Março de 1930 e o último, em 23 de Maio de 1937.
Foi um titular de eleição, jogava a interior direito ou esquerdo, jogava tão bem com um pé, como com o outro. Foi um atleta de que todos gostavam mutíssimo. Sem palavras.
A sua última época, foi a de 1937 1938, a equipa do Tibério, Arnaldo Carneiro, José Maria Antunes, Portugal,Cristóvão Isabelinha, Manuel da Costa, Peseta, Alberto Gomes, Nini e Octaviano.
Resta-mos o Dr. Isabelinha, sócio nº1 da nossa Briosa, a par com o Dr. Veiga Simão.
Nest momemto difícil da nossa Briosa, AAC - OAF, estejamos unidos, valorizando o que nos une e relectindo sobre o que nos separa.
Como sócio da AAC-OAF, e pertencendo à comissão organizadora, peço a todos que com o exemplo do nosso Dr. Isabelinha, saibamos encontrar os melhores caminhos do futuro.

A-ca-dé-mi-ca

Manuel Marques Inácio

16 de novembro de 2008 às 16:35  

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