terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Homenagem a José Niza





José Niza entre amigos em noite memorável de fados

O Teatro Sá da Bandeira foi pequeno para acolher tantos e tão notáveis amigos de José Niza, na homenagem que o Centro Cultural Regional de Santarém e o Grupo Guitarra e Canto de Coimbra lhe promoveram no passado sábado.
Foi uma viagem memorialista aos tempos de Coimbra, à vida académica num tempo já de contestação estudantil ao regime e onde, de olhos na plateia de amigos, se confessou afortunado por ter convivido com tão grandes nomes, da política e das artes (alguns ali presentes), e em especial no campo musical e do fado de Coimbra que acabaria por soar em nostálgicos acordes na segunda parte desta noite memorável.
A cerimónia abriu com as palavras de Graça Morgadinho, sobre as razões da homenagem, que Madeira Lopes secundou. O elogio a José Niza (e que elogio!) coube ao seu amigo de sempre, um eloquente Almeida Santos, que falou seu grande apreço e amizade pelo homenageado, do talento de José Niza e da sua modéstia, desafiando-o ali memos a assumir o compromisso de editar as suas músicas e poemas, tão conhecidas nas vozes de outros. Recordou ainda os começos em Coimbra, onde se conheceram e o reencontro político, já em democracia, no Partido Socialista, e depois no parlamento, logo a partir da constituinte.
José Niza falou abreviadamente do seu percurso de vida, desde Santarém a Coimbra, sempre apoiado em diapositivos do seu álbum fotográfico. Identificou amigos da época (desde Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira), contou episódios vividos, registou eventos, desde informais convívios, aos concertos e tournées musicais, falou do primeiro concerto de jazz (com Dexter Gordon na sua casa de Coimbra) e do espectáculo de teatro que musicou, que acabou proibido pela censura. Inúmeras história de uma vida muito gratificante, nas palavras do próprio José Niza, especialmente por ter tido a felicidade de conhecer e conviver com os grandes nomes da sua época, e que classificou como "uma geração até hoje irrepetida", e que enumerou: Lousã Henriques, Manuel Alegre, António Barreto, Rui Vilar e Sá Machado (ambos presidentes da Gulbenkian), Correia de Campos e Alberto Martins (ambos presidentes da AAC nas greves de 61 e 69), José Carlos de Vasconcelos, Eurico Figueiredo, Daniel Proença de Carvalho, Fernando Assis Pacheco, Germano de Sousa, Lucas Pires, Mota Pinto, José Miguel Júdice. E, na música, Zeca Afonso, Adriano, António Bernardino, Jorge Tuna, António Portugal, Lopes de Almeida, Levy Baptista, Durval Moreirinhas, Maranha das Neves e tantos outros.

Balada dos vinte anos
Cada um de nós
traz nos ombros
a capa de estudante

E vinte anos
passaram num instante

Cada um de nós
traz na voz
um fado já distante

E vinte anos
passaram num instante

Cada um de nós
abraça uma guitarra
uma aventura errante

E vinte anos
passaram num instante

E todos nós
mais longe da chegada
e todos nós
mais perto da partida
cantando
fomos inventando
o elixir da longa vida

(Um poema original e musicado por José Niza para este evento)
Texto do jornal "O Ribatejo", de 12 de Fevereiro de 2008, enviado por Madeira Lopes.

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