JOÃO ANJO – UM ANO DEPOIS...
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por Eduardo Aroso
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Em Novembro de 2007 falecia João Anjo. Recordamos algumas das palavras que, a propósito, escrevemos então: « (...) compositor e maestro João Anjo, que em Coimbra viveu, sem que a cidade algum dia tivesse perguntado quem era. Sim, também a cidade - a quem tantas e tantas melodias graciosamente ofertou João Anjo – nunca perguntou ao menos quem era. Nunca nenhum vereador, nenhuma universidade, mais popular ou menos popular, mais aberta ou menos aberta, nunca nenhuma instituição reconheceu pública e cabalmente esta figura tão humanamente singular, dotada de raros dotes artísticos, de fino gosto melódico e de um apurado ouvido musical, enfim, um artista que nos deixou centenas de canções, fados, marchas, aberturas, operetas, etc., etc.» (...) Quem conhece a sua obra, sabe que ela ocupa um lugar único num “espaço” de uma sensibilidade coimbrã que só ele soube preencher: quando o popular (local) se cruza com um requintado bom gosto da sua formação clássica em música, dela se enriquecendo e ao mesmo tempo a ela refrescando do que todos sabemos que existe na alma popular».
No sentido de não deixar apagar a memória desta figura singular de Coimbra, e começando com dois poemas, dir-se-ia de amor e ironia, vamos dar a conhecer uma das suas muitas facetas: a poética. João Anjo foi tanto o autor de poemas onde se evidencia uma inquietação filosófica e existencial – porventura os mais desconhecidos – como o perfeito construtor de quadras (redondilhas maiores), com palavras, ora de funda ironia, ora de um sentimento tão nostálgico como realista perante as paisagens exteriores e interiores. Quadras que se confundem com a própria música que ele compunha, de carácter popular (tradicional) sem ser popularucho!
João Anjo cultivava também o verso livre, ou seja, rimasse ou não, tivesse ou não a métrica dita clássica, primava pela ideia e pela imagem. Nos dois poemas seguintes, o poeta canta a sua amada cidade, temática que existia no relicário do seu coração.
COIMBRA
No meu oratório de pedras lapidadas
com castelos brasões quinas e genealogias armoriadas
tecidas por mãos de fadas
no meu estandarte de cavaleiro andante
há só um nome: Coimbra
a deusa do Mondego
mãe do futrica
pátria do estudante
Coimbra é assim
vá-se lá saber porquê
a Eternidade
não tem princípio ou fim
por mais voltas que se lhe dê.
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Em Novembro de 2007 falecia João Anjo. Recordamos algumas das palavras que, a propósito, escrevemos então: « (...) compositor e maestro João Anjo, que em Coimbra viveu, sem que a cidade algum dia tivesse perguntado quem era. Sim, também a cidade - a quem tantas e tantas melodias graciosamente ofertou João Anjo – nunca perguntou ao menos quem era. Nunca nenhum vereador, nenhuma universidade, mais popular ou menos popular, mais aberta ou menos aberta, nunca nenhuma instituição reconheceu pública e cabalmente esta figura tão humanamente singular, dotada de raros dotes artísticos, de fino gosto melódico e de um apurado ouvido musical, enfim, um artista que nos deixou centenas de canções, fados, marchas, aberturas, operetas, etc., etc.» (...) Quem conhece a sua obra, sabe que ela ocupa um lugar único num “espaço” de uma sensibilidade coimbrã que só ele soube preencher: quando o popular (local) se cruza com um requintado bom gosto da sua formação clássica em música, dela se enriquecendo e ao mesmo tempo a ela refrescando do que todos sabemos que existe na alma popular».
No sentido de não deixar apagar a memória desta figura singular de Coimbra, e começando com dois poemas, dir-se-ia de amor e ironia, vamos dar a conhecer uma das suas muitas facetas: a poética. João Anjo foi tanto o autor de poemas onde se evidencia uma inquietação filosófica e existencial – porventura os mais desconhecidos – como o perfeito construtor de quadras (redondilhas maiores), com palavras, ora de funda ironia, ora de um sentimento tão nostálgico como realista perante as paisagens exteriores e interiores. Quadras que se confundem com a própria música que ele compunha, de carácter popular (tradicional) sem ser popularucho!
João Anjo cultivava também o verso livre, ou seja, rimasse ou não, tivesse ou não a métrica dita clássica, primava pela ideia e pela imagem. Nos dois poemas seguintes, o poeta canta a sua amada cidade, temática que existia no relicário do seu coração.
COIMBRA
No meu oratório de pedras lapidadas
com castelos brasões quinas e genealogias armoriadas
tecidas por mãos de fadas
no meu estandarte de cavaleiro andante
há só um nome: Coimbra
a deusa do Mondego
mãe do futrica
pátria do estudante
Coimbra é assim
vá-se lá saber porquê
a Eternidade
não tem princípio ou fim
por mais voltas que se lhe dê.
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João de Oliveira Anjo
AFONSO HENRIQUES
NA IGREJA DE SANTA CRUZ
Afonso Henriques está
perguntando e com razão
ao filho Sancho e ao Ruão
se o Portus Calle que há
é ainda dos que cá estão.
Euro-escudo há-dizer
o que vai acontecer.
Portugueses, atenção
que o D. Afonso pode aparecer
de espadalhão na mão.
João de Oliveira Anjo
AFONSO HENRIQUES
NA IGREJA DE SANTA CRUZ
Afonso Henriques está
perguntando e com razão
ao filho Sancho e ao Ruão
se o Portus Calle que há
é ainda dos que cá estão.
Euro-escudo há-dizer
o que vai acontecer.
Portugueses, atenção
que o D. Afonso pode aparecer
de espadalhão na mão.
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João de Oliveira Anjo
João de Oliveira Anjo
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