sábado, 2 de fevereiro de 2008

Alexandre de Rezende


Faz hoje 55 anos que faleceu Alexandre de Rezende. Em cima vemos uma pequena biografia tirada do livro de José Niza, "Fado de Coimbra II", do conjunto de 7 Volumes da obra "Um século de Fado", da EDICLUBE, de 1999.
Como se pode ler, atribui-se aqui a Alexandre de Rezende a autoria do Fado da Mentira. Mas como se pôde constatar, esta música é de Antero da Veiga. Para isso, consultar o post de 1 de Fevereiro, Fado dos Milagres.

Rescaldo do espectáculo de Castelo Branco pelo grupo de Guitarra e Canto de Coimbra "Toada Coimbrã", no jornal Reconquista do dia 31 de Janeiro de 2008. Texto de Fabião Baptista. Do site do grupo http://toadacoimbra.blogspot.com/ .

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Edmundo de Bettencourt




Faz hoje 35 anos que morreu em Lisboa, Edmundo de Bettencourt. Em cima está uma pequena biografia retirada do livro de José Niza, "Fado de Coimbra II), da colecção "Um Século de Fado" da EDICLUBE, de 1999.
Os meus agradecimentos a Manuel Marques Inácio por me ter chamado à atenção para esta efeméride.
Para complemento desta biografia, leia-se o livro de António Manuel Nunes, "No rasto de Edmundo de Bettencourt - uma voz para a modernidade", da DRAC, Madeira, de 1999.

FADO DOS MILAGRES


Música: Antero Dias Alte da Veiga (1866-1960)
Letra: Antero Dias Alte da Veiga (1866-1960)
Incipit: Linda terra de São Paio
Origem: São Paio de Gramaços
Data: ca. 1ª década do século XX

Linda terra de São Paio,
Que o Sol beija todo o dia,
Ninho de tanta avezinha
Onde canta a Cotovia.

Carvalhinhas dos milagres
E sombrinhas do meu gosto
Que abrigais orações
Dos romeirinhos de Agosto.

Tantos anos que contais
Primaveras e inverneiras
Vós sois de Nossa Senhora
As mais fiéis companheiras.

Ó Senhora dos Milagres,
Protectora da alegria,
Ajudai a débil voz
Duma pobre Cotovia.

Eu não sei cantar cantigas,
Mas canto do coração,
Ajudai-me raparigas
A cantar com devoção
Versos à Virgem Maria!
Canta, canta, Cotovia!

Composição musical de pendor estrófico, em compasso quaternário (4/4) e tom de Fá Maior, com estrutura convencional improvisatória. A letra é constituída por cinco estrofes, quatro quadras e uma sextilha. O autor desta composição é o afamado guitarrista Antero da Veiga, profusamente aclamado nos auditórios de Arganil, Oliveira do Hospital, Coimbra e Galiza. Antero da Veiga interpretava uma versão instrumental desta melodia nos seus concertos de guitarra, conforme exemplifica o espectáculo que deu no Teatro Rosalia de Castro, na Corunha, com seu filho Eugénio da Veiga, no dia 31 de Maio de 1929.
O autor manuscreveu a solfa desta peça, para piano, em 4 de Janeiro de 1959, com a seguinte dedicatória: “Ao seu neto e afilhado muito querido, Manuel Maria d’Alte da Veiga, e com os melhores votos de felicidade, oferece esta recordação o avô e padrinho muito amigo Anthero da Veiga”. Mais precisa o autor ter improvisado a composição no adro da Capela de Nossa Senhora dos Milagres, sita em São Paio de Gramaços, Concelho de Oliveira do Hospital, numa das romarias ali feitas no mês de Agosto. A letra foi oferecida a uma jovem cantadeira da terra, de nome Cotovia. Infelizmente, Antero da Veiga não indica a data da feitura, mas trata-se claramente de uma obra dos alvores do século XX, e só não a datamos como sendo da década de 1890 por não apresentar ostensivo compasso binário.
A análise e transcrição desta peça por Octávio Sérgio (Janeiro de 2008) vem disponibilizar informação que contradita o nível de conhecimentos disponíveis sobre temas da CC até aos tempos mais recentes. A audição da melodia revela que estamos na presença inequívoca da matriz do chamado FADO DA MENTIRA, durante mais de meio século indevidamente atribuído a António Menano, e por vezes correlacionado com o nome do compositor amador, guitarrista e cantor Alexandre de Rezende. A audição comparada dos dois títulos e solfas revela que, além de ser a mesma composição, as ligeiras diferenças assinaladas no FADO DA MENTIRA não congregam matéria bastante para continuarmos a considerar o chamado FADO DA MENTIRA como obra autónoma face ao FADO DOS MILAGRES.
A composição de Antero da Veiga, com o título FADO DOS MILAGRES, é cronologicamente anterior às primeiras afirmações públicas e privadas de Alexandre de Rezende no panorama musical conimbricense. Um parte importante da obra de Antero da Veiga vinha já da segunda metade da década de 1890, tendo sido outra produzida até 1910, numa fase em que brilhou em inúmeros salões da Beira Litoral e se fez ouvir a pedido do Rei D. Carlos.
O FADO DOS MILAGRES estaria já muito popularizado na tradição oral conimbricense por volta de 1907-1912, anos primiciais de afirmação de Alexandre de Rezende. Não custa acreditar que Rezende tenha interpretado o tema de Antero da Veiga como peça iniciática e improvisatória, uma vez que a melodia se prestava à incorporação de outras letras, a momentos de duo de tipo descante, e à elaboração de derivas sobre a melodia original.
Em Coimbra, alguns familiares do executante de violão Augusto Louro (que gravou discos com Flávio Rodrigues e António Menano), tinham por certo que uma das peças indicadas no cartaz do espectáculo dado por Antero da Veiga no Teatro Rosalia de Castro em 1929 havia sido gravada por António Menano. Infelizmente não conseguiam precisar qual, mas concatenando agora todos os fios soltos, torna-se possível chegar ao FADO DOS MILAGRES que fora rebaptizado por Rezende como “Fado da Mentira”.
Face aos dados apurados, e apesar de Alexandre de Rezende constar expressamente como autor do chamado FADO DA MENTIRA na partitura “Fado da Mentira”, Lisboa, Sassetti, 1927, bem como na etiqueta do disco de 78rpm gravado em 1927 por José Dias, E. Q. 26 (e como tal reportado no catálogo impresso pela HMV em 1928), recomendamos que em futuras identificações a autoria do FADO DA MENTIRA passe a ser atribuída a Antero da Veiga, devendo corrigir-se os dados autorais apurados até à presente data nos seguintes textos:

-José Anjos de Carvalho, “Discografia de José Dias com as letras que conheço”, http://guitarradecoimbra.blogspot.com/ (Parte I), edição de 21 de Outubro de 2005;
-José Anjos de Carvalho e AMNunes, “Discografia de José Dias e respectivas letras”, http://guitarradecoimbra.blogspot.com/ (Parte I), edição de 21 de Janeiro de 2006;
-José Anjos de Carvalho e AMNunes, “António Menano. II. Reportório musical impresso”, http://guitarradecoimbra.blogspot.com/ (Parte I), edição de 11 de Outubro de 2006;
-José Anjos de Carvalho e AMNunes, “António Menano. V – Letras das Sessões Fonográficas. V.I – Sessão de Paris (1927)”, http://guitarradecoimbra.blogspot.com/ (Parte I), edição de 27 de Abril de 2007;
-José Anjos de Carvalho e AMNunes, “Alexandre de Rezende, compositor, cantor e guitarrista”, http://guitarradecoimbra.blogspot.com/ (Parte I), edição de 15 de Maio de 2007.

Transcrição: Octávio Sérgio (2008)
Textos e pesquisa: José Anjos de Carvalho e AMNunes
Agradecimentos: Prof. Doutor Alte da Veiga, pela cópia da solfa de seu Avô, facultada em 1989

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A ACADÉMICA VERDADEIRA
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por Carlos Carranca
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Foi Paracelso quem afirmou " De outrem não seja quem possa ser de si-próprio. Avesso a situações que lhe comprometessem a independência, deixou a máxima que no tempo em que vivemos já se nos afigura pré-histórica.
O que realmente importa numa existência, seja ela individual ou colectiva, é não ser diminuída fazendo das suas forças, da sua identidade, do seu património, frente única na realização de tarefas difíceis, sem se furtar a influências que ajudam ao reforço da sua personalidade.
Quem pensa nunca é reaccionário, pense ele o que pensar, pela simples razão que pensa pela sua própria cabeça. Ora, estas minhas breves considerações, vêm a propósito de uma obra a todos os títulos notável, acabada de sair e intitulada ACADÉMICA - HISTÓRIA DO FUTEBOL, pensada e executada por João Mesquita e João Santana. São setecentas páginas da história de um inconformismo. De um inconformismo congregador de gerações que não se cansa de ser diferente, jovem, logo heterodoxo. Não impondo ideias, discute-as; afirmativo e idealista.
O facto da Briosa ter mudado nestes últimos anos de política desportiva no sentido de se aproximar da realidade do nosso futebol , não significa que abdique dos seus princípios. O essencial deve manter-se: a ligação aos estudantes, à sua história, às suas lutas passadas presentes e futuras.
Preste o leitor atenção à história do futebol estudantil e logo entenderá o que de errado se tem feito em seu nome.
Esta monumental obra deverá ser de leitura obrigatória para os que ainda se sentam nas bancadas do Estádio Cidade de Coimbra e querem, em consciência, aplaudir a Briosa.
Do Blog, "Carlos Carranca - neste lugar sem portas": http://www.ccarranca.blogspot.com/

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Concerto de Carnaval no Salão Nobre da Câmara Municipal de Turismo, pela Orquestra Clássica do Centro, dirigida por Virgílio Caseiro.

GRUPO DE INSTRUMENTOS DE SOPRO DE COIMBRA – GALA DOS 25 ANOS -
CRÓNICA DE UM ESPECTÁCULO MEMORÁVEL

Como alguém disse, Coimbra é um paradoxo musical! Um grupo (com 60 músicos) que é uma grande orquestra! Para quem não conhece, o Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra, sob a direcção do maestro Adelino Martins, se incluísse a palavra orquestra na sua designação, atrairia certamente mais a atenção da cidade que se diz de exigência cultural. No último sábado, dia 26 de Janeiro, o Teatro de Gil Vicente esteve repleto (embora muitos dos presentes fossem familiares e amigos, e assim, no bom sentido, um público “engagé”), num programa permanentemente atractivo, que se estendeu até à uma hora da manhã. Não apurando, agora, se a cidade é ou não exigente, todavia parece evidente que não tem andado muito atenta aos cerca de 60 músicos que se não tocam de capa e batina, aprendem em escolas e conservatórios que são verdadeiras universidades e com professores que são autênticos catedráticos na matéria. Cidade desatenta, ainda, pois que até à presente data, o Diário de Coimbra ainda não publicou uma linha de texto ou uma simples fotografia. Esperemos que ainda o faça. Certa imprensa também tem paradoxos!
O GISC, de entre muitas outras participações, obteve o 1º Prémio em Neerpelt (Bélgica), 1991; o 2º Prémio no festival da mesma cidade, em 1987; e Prémio da Província de Katowice, realizado na Polónia, 1989. Em 2005, novamente no festival de Neerpelt foi laureado com o 1º lugar na categoria A – Grandes Formações Orquestrais. Seria penoso, porque extenso (embora justo), salientar os pontos essenciais do currículo deste grupo, pelo qual já passaram centenas de músicos, sendo muitos deles destacados professores de música e dirigentes de outros agrupamentos. A gala abriu com o Sax Ensemble (Quarteto de Saxofones de Coimbra) com uma entrada primorosa, que contemplou um leque de compositores de Vivaldi a Piazzolla e P. Desmond. Do compositor argentino, pudemos ouvir o célebre Libertango, num arranjo com uma sonoridade bastante coesa nos registos dos quatro saxofones.
Os Dixie Gringos trouxeram um tom de humor ao programa, nunca alheados de uma interpretação segura, ainda que descontraída, no ambiente dos primórdios do jazz. Seguiu-se, e sem intervalo, o Ensemble Juvenil de Metais Barquisimetal do Estado de Lara, Venezuela, dirigido pelo jovem maestro Pedro Vásquez, com um repertório de diferentes estilos, e que tem desempenhado um papel de relevo na integração social de jovens venezuelanos desfavorecidos que querem encetar a sua formação musical.
No momento mais simbólico da Gala dos 25 Anos, o professor, compositor e maestro Adelino Martins, na companhia dos elementos fundadores do GISC, partilhando humildemente o galardão, recebeu a Medalha de Ouro da Cidade, conferida pelo Município de Coimbra, e que foi entregue pelo Vereador da Cultura, que usou da palavra, bem como o Delegado Regional da Secretaria de Estado da Cultura de Coimbra e o Delegado do Inatel de Coimbra, a quem os Dixie Gringos, antes deste momento, já haviam feito um rasgado elogio, pela aposta que tinha feito nos jovens deste agrupamento sui generis. O Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra encerrou o programa com cinco obras de escolha criteriosa para uma orquestra desta formação, onde, por toda a massa sonora, nunca em nenhum momento houve lugar a registos tímbricos dos agudos que pudessem “ferir” a unidade entre todos os naipes e do próprio equilíbrio da composição, aspecto que merece sempre a maior atenção numa formação musical de instrumentos de sopro.
A batuta de Adelino Martins, na sua tão peculiar simplicidade de gestos como de segurança, conduziu este grupo orquestral numa dinâmica perfeitamente dominada, quer nos andamentos quer nos pianos e fortes. Ouvimos Festival Prelude de Alfred Reed, Carnival of the Animals de C. Säint-Sains, New Baroque Suite de Ted Huggens, Super Nova de H.J. Rhinow e Vanity Fair de Percy Fletcher, havendo ainda lugar para dois extras, com todos os grupos, a finalizar da melhor maneira com Marcha Radetsky e Coimbra é uma Lição, peças regidas, respectivamente, por Pedro Vásquez e Adelino Martins.

Eduardo Aroso

Do Blog do grupo de Canto e Guitarra de Coimbra, "Toada Coimbrã", retirámos estes textos.
Interessantíssimo artigo publicado no "Notícias de Ourém" de 25.01.2008 da autoria da nossa amiga Aurélia Madeira, na sequência do espectáculo efectuado em Tomar, contextualizando o fenómeno da Canção de Coimbra nas suas manifestações pós-restauração da Praxe Académica de que todos fomos testemunhas presenciais e intervenientes activos. Mais um precioso documento adicionado ao acervo deste blog.

Novamente os 75 anos de Luiz Goes na imprensa de Coimbra, desta vez no Diário as Beiras de hoje.

Japonesa canta o Fado

Japonesa canta o Fado. Notícia do "Lamego Hoje", de 24 de Janeiro de 2008, com texto de Iolanda Vilar.
Folha enviada por José Freitas.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

120 anos da TAUC



A Tuna Académica da Universidade de Coimbra comemora, neste ano de 2008, o seu 120º Aniversário, procedendo desta forma à digitalização de parte do seu espólio para maior divulgação do mesmo, assim como para a preservação da mesma informação.
Desta forma, anexo duas páginas da edição quinzenal ilustrada da revista "Portugal" nº52, edição do Rio de Janeiro de 30 de Setembro de 1925, onde se pode ver Artur Paredes que acompanhou a Tuna de Coimbra na sua Digressão ao Brasil em 1925.
Envio-lhe também o logótipo dos 120 anos da Tuna Académica da Universidade de Coimbra.
É minha intenção enviar-lhe ao longo deste ano várias fotografias dos vários grupos de fados da TAUC ao longo destes 120 anos de existência, marcando uma data tão especial para a TAUC, que de certa forma foi muito importante para a Guitarra e Canto de Coimbra.
P.S. O Artur Paredes está na primeira página, na fotografia de topo na primeira posição do lado esquerdo e, na segunda página está na fotografia do fundo, de pé, 5º a contar do lado direito e à frente.

António Nascimento

Stuart


Duas gravuras de Stuart do artigo "Hortas e Locandas", da revista Ilustração, de 16 de Fevereiro de 1928 (3º ano, nº 52). Espólio de Joaquim Pinho.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tricanas de Coimbra




As Tricanas de Coimbra, na revista "Ilustração Portuguesa", nº 5, 2ª série. Mais outro achado do Joaquim Pinho.

domingo, 27 de janeiro de 2008

O Fado

Espólio de Joaquim Pinho. Artigo da revista nº 79, "Branco e Negro", provavelmente dos finais do século XIX. A gravura é de Rafael Bordalo Pinheiro, com data de 1877.